terça-feira, 30 de julho de 2013

Lição 5 - As Virtudes dos Salvos em Cristo, 04 de agosto de 2013. Subsídio: Professor Érick Freire. Parte I.

“Assim, meus amados, como sempre vocês obedeceram, não apenas em minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor, pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele”. (Filipenses 2:12-13).
No primeiro comentário desta semana estarei falando para você amado e querido leitor sobre os versos 12 e 13 do capítulo 2 de filipenses. Com base nestes versos, estarei discorrendo acerca de duas correntes de pensamento acerca de como se dá a salvação. Escolhemos a Deus para sermos salvos? Como dizem os que defendem o livre-arbítrio, ou será que o Senhor nos escolhe? Como dizem os calvinistas. Não estaremos tomando partido, mesmo nos sendo imputada opinião, estarei discorrendo acerca da história, principalmente do arminianismo que é defendido na lição, e é a interpretação mais recente acerca da salvação.

Jamais quererei confundir a cabeça do leitor acerca destas interpretações soteriológicas, pelo contrário, queremos conscientizar que cada uma das interpretações tem suas raízes e razão de existir, por fim estarei dando uma opinião geral acerca de ambas correntes.
O debate acerca de como se dá a salvação por eleição predestinada ou por livre-arbítrio humano tem mais de 1,5 mil anos, começou no quinto século da era cristã e se estende até hoje e persistirá até estarmos juntos do Senhor em Glória, em vida plena com Cristo.
Por volta do ano 410 d.C. Pelágio já era um monge piedoso, era bretão, provavelmente de origem irlandesa, que vivia como teólogo. Ao viajar a Roma notou que naquela época os homens inverteram a graça em libertinagem (Jd 1:4), então, preocupado com a degeneração dos homens, por causa da interpretação da depravação da raça humana após o pecado de Adão, desde o nascimento o homem não tem forças por si só de resistir ao pecado. Pelágio passa a organizar uma ideia interpretativa que vá contra isso, para que as pessoas se convertam, daí passa a dar uma nova visão acerca da graça de Deus e da vontade humana. Nesta mesma época, o maior expoente da teologia daqueles dias, Agostinho, se opõe ferrenhamente a visão pelagiana e em vários concílios Pelágio é condenado, mas sua teologia não morreria por aí, mais de um milênio depois ela ressurge. Os principais pontos da teologia pelagiana são¹:
1.  É de responsabilidade do homem se manter longe do pecado, mesmo após a queda este tem o poder de vencer o pecado;
2.  O homem tem as mesmas capacidades morais e de escolha que Deus;
3.  A vontade do homem é livre podendo escolher entre o bem e o mal;
4.  Não existe pecado original, nem pecado herdado;
5.  A vontade do homem não é anulada mesmo após a queda de Adão e dos maus hábitos humanos;
6.  Adão foi criado como mortal, mesmo que não pecasse ele morreria;
7.  A alma do homem não tem natureza pecaminosa, foi dotada de perfeição original e pode manter-se assim;
8.  A criança nasce como uma tabula rasa;
9.  O pecado é uma volição depravada e não uma enfermidade da alma transmitida de geração em geração;
10.      O batismo infantil é uma prática legítima, mas não para perdão de pecados;
11.      Homens que não tiveram contato com o evangelho serão julgados por suas obras;
12.      Negava de modo absoluto a predestinação e exaltava a vontade e o livre-arbítrio humanos, isentando Deus de toda a responsabilidade de conversão da raça humana.

Quando Pelágio passa a difundir esta nova concepção da salvação, ele é altamente atacado por quase todos os intérpretes das Escrituras da época, primeiro porque estas interpretações não condiziam com os escritos paulinos. Era quase unânime o texto áureo de Rm 8:31-39. Historicamente era uma interpretação nunca defendida até a era apostólica, por isso, Paulo combate ferrenhamente a libertinagem de muitos que transformavam a graça em uma brecha para o pecado, também Judas e João o fazem. Eles combatiam não por crerem que o homem tinha volição para o bem, mas pelo contrário, pois apesar da graça, os crentes deveriam obedecer os preceitos.
Cerca de 1.100 anos depois, mas precisamente em 1524, Erasmo de Roterdã, contemporâneo de Lutero escreve Diatribe sobre o Livre Arbítrio, defendendo ideias pelagianas e usando várias referências bíblicas. Lutero de imediato respondeu criticamente a este escrito, publicando De Servo Arbítrio, A Escravidão a Vontade.
Erasmo reitera as ideias pelagianas e em resposta a ele Lutero chega a afirmar que ele procura infundir medo em seus oponentes, reunindo um grande número de textos bíblicos que supostamente dão apoio a ideia do livre-arbítrio².
Em uma vastidão de escritos Lutero descarrega textos bíblicos e chega a chamar calorosamente de filhos do pecado são aqueles que dizem ter livre-arbítrio, vontade própria para buscar a Deus.
100 anos depois a força do livre-arbítrio aumenta e se expande por boa parte do mundo através da expansão dos ensinos do professor Jacob Hermano (Armínio), professor holandês de teologia que viveu entre 1560-1609. As doutrinas de Armínio foram expostas e trouxeram de vez ao combate contra a predestinação a concepção teológica do livre-arbítrio, influenciando sistematicamente o pensamento ocidental moderno. São doutrinas arminianas, segundo seus discípulos:
1.  Deus prevê o futuro, mas não foi ele quem causou todas as coisas;
2.  A eleição é baseada na fé prevista;
3.  O homem predomina sobre outras criaturas porque é a imagem de Deus;
4.  Adão era inocente, mas não santo;
5.  O pecado é consequência de atos voluntários de quem é rebelde;
6.  A vontade do homem pode ser para o bem ou para o mal;
7.  A expiação só é mais uma maneira de amor de Deus e não a única busca por salvação;
8.  A vontade humana é uma das causas da regeneração;
9.  Nesta via o homem pode chegar a perfeição se adequando a vontade de Deus;
10.            O homem pode perder a salvação se cair da graça;
11.            A expiação é uma realização simbólica que visa salvaguardar os interesses maiores de Deus;
12.            Plena certeza de salvação não existe.

Armínio apesar de ter vivido pouco tempo após Calvino e sofrido também a influência dos estudos calvinistas, se opôs a muitas das interpretações sobre a predestinação.
Os discípulos de Calvino no sínodo de Dort levantaram cinco pontos do calvinismo para tentar pôr fim na controvérsia doutrinária acerca do arminianismo³.
Os cinco pontos tornaram-se em cinco capítulos bem detalhados com os seguintes temas:
1.  Eleição incondicional;
2.  Expiação limitada aos eleitos;
3.  Depravação total, que envolve tanto a habilidade quanto o mérito;
4.  Graça irresistível;
5.  Perseverança, ou segurança eterna do crente.
Agora vamos em resumo fazer uma análise crítica de ambas interpretações: O maior problema de ambas as concepções acerca da soteriologia, ou estudo da salvação é de querer derrubar uma a outra, não estão abertas aos paradoxos que a Bíblia trás e contraria as perspectivas humanas. Tanto calvinistas quanto arminianos tem textos suficientes para alimentar sua teologia quanto também para derrubá-la. Por isso, amados irmãos não defendo nenhuma das duas interpretações, pois há coisas que só um dia teremos a plena revelação de Deus.
O verso 2:14 de filipenses nos mostra ...fazei todas as coisas sem murmurações e sem contendas. Será que calvinistas e arminianos “convictos” seguem estas doutrinas para fazer crescer e expandir o evangelho ou só creem para se sentir superior aos outros? Reflitamos nisto.

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¹ R.N. CHAMPLIM. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.

² LUTERO, MARTINHO. Nascido Escravo.

³ R.N. CHAMPLIM. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.

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