quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Lição 12 - Zacarias - O Reinado Messiânico, 23 de dezembro de 2012, Subsídio: Professor Érick Freire


Zacarias

O livro de Zacarias é dividido em duas partes principais, segundo alguns estudiosos, seguindo um padrão literário bem antigo. O seu primeiro conteúdo são profecias autênticas datadas por volta da segunda metade do século VI a.C. Estas compõem os capítulos de 1-8 contendo esta oito visões em sua totalidade: A visão dos cavalos (1.7-17), a visão de quatro chifres e de quatro artesãos (1.18-21), a visão da corda métrica (2), a visão do sumo sacerdote Josué (3), o candelabro e as duas oliveiras (4), o pergaminho e o cesto que voam (5.1-4), A mulher dentro da cesta (5.5-11) os carros de guerra (6.1-8).

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

FIRMANDO-SE EM DEUS, por: Cleiton Medeiros


FIRMANDO-SE EM DEUS

Não é de admirar que, por muitas vezes, entregamo-nos ao desespero porque estamos sempre focados em coisas fúteis. Em vez de confiarmos em Deus, à semelhança de Davi diante de Golias que se entregou aos cuidados do Senhor e não às suas próprias armas (I Sm 17.45), acabamos atuando de forma contrária ao exemplo deixado pelo rei, cujo Messias descende. Agimos como ímpios, deixamos de confiar na força do braço de Deus para confiar na força da carne e nos objetos produzidos por nós mesmos os quais muitas vezes adoramos, inclinamos nossos corações, oferecemos sacrifícios ou prestamos culto (ver exemplo em Hc 1.16) por considera-los fontes de nossas satisfações egoístas. Sobre isso nos falou o Senhor, através do profeta Jeremias, no capítulo 17 do seu livro (ver 17.5).

Aqui vamos abordar pelo menos quatro tópicos que integram a nuance de nossa firmeza em Deus e que podem nos manter firmes, como também, evitará que sejamos deixados à deriva com o risco de termos nossas almas naufragadas na fé nesta viagem maravilhosa rumo à eternidade. São elas: a fé, a boa consciência, a satisfação (ou contentamento) e a esperança. Vamos refletir em cada uma delas:
A fé (πίστις: pístis): nessa palavra está intrínseca a ideia de crer, de confiar, de se abandonar, de se lançar (como quem se joga nos braços de alguém com a certeza de que ela não vai te deixar cair), apoio e fidelidade. Vejamos o que diz Paulo a Timóteo em sua primeira carta:

"Timóteo, meu filho, dou-lhe esta instrução, segundo as profecias já proferidas a seu respeito, para que, seguindo-as, você combata o bom combate, mantendo a fé e a boa consciência que alguns rejeitaram e, por isso, naufragaram na fé. Entre eles estão Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar."
I Timóteo 1.18-20
A fé tem como ponto de partida a Palavra, isso indica seu aspecto objetivo. Não devemos crer ou ter fé em qualquer coisa, ou melhor, não devemos lançar nossas vidas sobre qualquer palavra, mas sobre a Palavra que procede da boca de Deus que é capaz de suprir nossas necessidades espirituais (Mt 4.4; Lc 4.4; cf Dt 8.3). Quando me refiro a necessidades espirituais não estou fazendo separação entre o nosso corpo e o espírito, o nosso corpo é necessário, pois é através dele que transmitimos ao mundo a imagem do Senhor que está sendo restaurada em nós (Cl 3.9,10) e o Senhor cuida dele (Mt 6.21-34). É através de nossos corpos que expressamos a santificação como, também, é através dele que expressamos nossa rebeldia. Nossos atos são resultado daquilo que pensamos e, se estamos aprendendo a palavra de maneira errada, nossas ações serão erradas, a imagem de Deus não estará sendo estampada em nós. Portanto, precisamos da objetividade que somente a Palavra de Deus pode nos proporcionar, para que compreendamos a vontade de Deus e essa fé objetiva, que surge da autêntica mensagem divina (Rm 10.17), possa ser estabelecida em nós. Outro aspecto da fé é a sua subjetividade, aqui o sentido não é a fé adquirida mediante interpretações particulares, mas a postura do homem em relação ao que compreende da objetividade. Até que ponto, estamos dispostos a nos abandonar nos braços de Deus, a entregarmos o nosso caminho ao Senhor como reza o Salmo davídico  37.5?
Mais um ponto que envolve a subjetividade da fé é a nossa fidelidade, a nossa obediência àquilo que cremos, à verdade que tem gerado a nossa fé. Não esqueçam, apenas crer é fé pela metade, temos que andar, ser fiéis à nossa aliança selada com o sangue de Cristo derramado na cruz e com o Espírito Santo em nós. Somente assim nossa fé será completa e as tempestades, os vendavais que ocorrem na nossa vida não nos levará para longe ou não nos afundará.

Boa consciência

A segunda postura que nos é explicitada no texto em Timóteo é a “boa consciência”. Não apenas Paulo, mas os autores da carta aos Hebreus e Pedro fazem menção dessa expressão (ἀγαθὴν συνείδησιν: ágathên syneídêsin). Começando por partes, a consciência é a sensibilidade de julgar entre o bem e o mal, essa capacidade pode ser perdida (I Tm 4.2). Além dessas duas referências Paulo faz uso dela mais duas vezes nessa carta a Timóteo (I Tm 1.5; 3.9; ver também Hb 13.18; I Pe 3.16). Inclusive é a consciência que serve como lei para aqueles que não tiveram ou não tem acesso a Palavra Santa (Rm 2.14,15). Uma vez perdida a sensibilidade necessária à boa consciência, o risco de nos afundarmos na mentira e no fingimento, próprio de hipócritas que criam regras proibitivas, que vão além do que está escrito (I Tm 4.1-4) pode se torna patente. Que o Senhor tenha misericórdia de nós e não nos deixe ser cauterizados pelos enganos de demônios e a orientação de espíritos enganadores. A outra parte que engloba a boa consciência é a escolha por atitudes que correspondam ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, que expressem a verdade de sua Palavra, isso está relacionado com o fator moral da consciência e nos dá a segurança necessária a grande navegação a qual fomos convocados a trilhar (ver I Tm 3.9).

A satisfação ou contentamento

Ainda na primeira carta a Timóteo encontramos a necessidade de contentamento ou satisfação (ἀρκέω: arkéô), essas palavras se aproximam bastante do grego. Observemos o que o apóstolo escreveu:
"Por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos. Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos."
1 Timóteo 6:8-10

A insatisfação é uma demonstração aberta de nossa ingratidão ao que o Senhor tem provido e a desconfiança na capacidade e no cuidado de Deus para conosco. Notamos em Mateus 6.25-34 o registro das palavras do nosso Senhor Jesus garantido a satisfação de nossas necessidades e não de nossos caprichos. Tem quem cite o versículo 33 de Mateus da seguinte forma:
Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e as demais coisas lhes serão acrescentadas.
Ou...
Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as outras coisas lhes serão acrescentadas.
Quando na verdade está escrito...
"Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas."

Mateus 6:33
Irmãos a graça de Deus é de acordo com a vontade d'Ele e não conforme a nossa medíocre volição. A satisfação nos garante velejar sem o risco de afundarmos na “ruína e na destruição”. Quando buscamos riquezas buscamos satisfazer nossos próprios desejos e muitos deles são maus. Tem quem se corrompa aceitando suborno, sonegando impostos (“...deêm a Cesar o que é de César... Mt 22.21” Lembram?); outros se prostituem de todas as formas, homem com homem, mulher com mulher, escolhem não casar e ficam trocando de parceiros até que encontre o que o satisfaz sexualmente ou financeiramente; casam-se com quem não amam para melhorar de vida; adulteram por não estarem satisfeitos com a aparência do cônjuge ou porque casou apenas por interesse; quando enriquecem trocam não apenas de carro, mas de casa, esposa, filhos como se o ser humano fosse um mero objeto que é desvalorizado com o tempo, etc. Tais são as águas do mar que encobrem e sufocam os insatisfeitos com a graça de Deus. Afundam não como o submarino que imerge para surpreender o inimigo, mas como o Titanic causando inúmeras mortes e inclusive a sua só para satisfazer desejos fúteis. Deixemos de buscar em primeiro lugar satisfazer nossos caprichos tolos em detrimento do Reino de Deus que nos disponibiliza vida e não morte. Uma decisão de Davi em satisfazer sua cobiça levou não somente ele, mas toda a sua casa e até seu reino ao naufrágio. Se não fosse a tua misericórdia Senhor. Apesar de em um instante Davi ter afundado nos reveses da vida, ele teve a oportunidade de ver sua vida a salvo. Olhe as palavras do profeta Natã num dialogo com o rei Davi:
"Então Natã disse a Davi: "Você é esse homem! Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Eu o ungi rei de Israel, e livrei-o das mãos de Saul. Dei-lhe a casa e as mulheres do seu senhor. Dei-lhe a nação de Israel e Judá. E, se tudo isso não fosse suficiente, eu lhe teria dado mais ainda."

2 Samuel 12:7-8
A insatisfação de Davi o levou ao adultério, à morte de homens fiéis (não foi só Urias que morreu no planinho de Davi. Veja II Sm 11.16,17). Note como narra a história Flávio Josefo a morte de Urias:
“...Os que acompanhavam Urias, então, fugiram, menos alguns que não sabiam da ordem; Urias deu-lhes o exemplo de preferir a morte à fuga, ficou firme, manteve o ímpeto dos inimigos, matou vários e depois de ter feito todo o possível que se poderia esperar de um militar tão valioso, rodeado de todos os lados, crivado de golpes, morreu gloriosamente, com uns poucos que imitaram sua coragem e sua virtude” ( JOSEFO, 2000, p. 181).
“E, se tudo isso não fosse suficiente, eu lhe teria dado mais ainda”. Aleluia! O Senhor conhece as nossas necessidades e nos concede o que precisamos nesta luta contra o mal. Estejamos satisfeitos com o que Ele tem nos concedido, com a sua provisão, com a sua graça que nos basta (II Co 12.9; ver Hb 13.5). Para

A esperança

Por último destaca-se a esperança (ἐλπίδος: elpídos), mas não em qualquer coisa. O escopo de nossa esperança deve ser as promessas de Deus, a Palavra eterna do Santo de Israel confirmada por juramento, isso nos serve de âncora, nos prende diretamente ao nosso Deus e Pai. Nossa esperança não deve estar fixada em palavras humanas, fruto do pensamento ou da loucura humana. Mas na Bíblia.



"Quando Deus fez a sua promessa a Abraão, por não haver ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo, dizendo: "Esteja certo de que o abençoarei e farei seus descendentes numerosos". E foi assim que, depois de esperar pacientemente, Abraão alcançou a promessa. Os homens juram por alguém superior a si mesmos, e o juramento confirma o que foi dito, pondo fim a toda discussão. Querendo mostrar de forma bem clara a natureza imutável do seu propósito para com os herdeiros da promessa, Deus o confirmou com juramento, para que, por meio de duas coisas imutáveis nas quais é impossível que Deus minta, sejamos firmemente encorajados, nós, que nos refugiamos nele para tomar posse da esperança a nós proposta. Temos esta esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus, que nos precedeu, entrou em nosso lugar, tornando-se sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque."

Hebreus 6.12-20


Hoje, mais do que nunca, devemos recorrer ao que é capaz de produzir em nós fé, ao que nos orienta e consolida em nós uma consciência pura, à satisfação na graça de Deus. Ao que traz estampada a Palavra daquele que não mente, que cumpre as suas promessas e não decepciona aos que tem fixado a esperança em suas promessas, a Bíblia Sagrada. Somente assim, não estaremos sob o risco de naufragarmos na fé.
Que o Senhor reverbere a Sua Verdade (ἀλήθεια: alêtheia) em nossos corações e que em nós haja a disposição necessária para a praticarmos sempre.

 Cleiton Medeiros
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Referências:

NVI. Bíblia: Nova Versão Internacional. São Paulo, SP: Vida, 2000.

GINGRICH, F. Wilbur; DANKER, Frederick W. Léxico do Novo Testamento. São Paulo, SP: Vida Nova, 2007.

COENEN, Lothar; BROWN, Colin (Org.). Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento Grego. 2ª São Paulo, SP: Vida Nova, 2000. 2v.

RUSCONI, Carlo. Dicionário do Grego do Novo Testamento. 4ª São Paulo, Sp: Paulus, 2011.

JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. 4ª Rio de Janeiro, Rj: Cpad, 2000.

HAUBECK, Wilfrid; VON SIEBENTHAL, Heinrich. Nova Chave Linguística do Novo Testamento Grego. São Paulo, Sp: Targumim/hagnos, 2009.

LUZ, Waldir Carvalho. Novo Testamento Interlinear. São Paulo, Sp: Cultura Cristã, 2003.