terça-feira, 23 de outubro de 2012

Lição 4 - Amós - A justiça Social como parte da Adoração, subsídios variados - EBD/IEADERN


Síntese do Livro do Profeta Amós.

Introdução
Os profetas Amós, Oséias, Miquéias são conhecidos como profetas do pré- exílio. A função
principal dos profetas pré-exílico era fornecer uma crítica negativa das condições da nação e
anunciar o julgamento que viria.

AMÓS
O Profeta
Quando Amazias aconselhou Amós a voltar para Judá “ali come pão o teu pão, e ali profetiza”
( 7,12), estava supondo que fosse profeta profissional. Contra suas palavras de desprezo, Amós
respondeu: “Eu não sou profeta, nem discípulo de profeta, mas boieiro e colhedor de sicômoros.
Amós negava qualquer ligação com um oficio profético.
Os discípulos de profetas eram os membros do grupo profético treinados para ser profetas
profissionais. Nos dias de Elias e Eliseu eram tidos, ao que parece, em grande conta ( 2Rs 2.3-19),
mas havia profetas profissionais e jovens discípulos deles que prostituíam seus serviços, o oficio
profético, ( falsos profetas). Amós não era desses profetas, mas um profeta chamado por Deus.
Diferente dos outros, Deus o havia chamado para profetizar ao reino do norte.
Obs. O choque entre Amazias e Amós deve ser entendido como parte integrante da mensagem.
Época
Nos dias de Jeroboão II que reinava em Israel ( 793-753).
Contexto de sua mensagem:
- Os israelitas, estavam servindo outros deuses;
-A riqueza dos mercadores que provocava injustiças e a avareza;
- Os pobres estavam sendo negligenciados e perseguidos;
- A religião tornou-se uma rotina, quase mecânica, alienada da real presença de Javé.
- Duas classes se desenvolviam: os ricos e os pobres Am.5.10s,). Os ricos possuíam palácios de
verão e de inverno, grandes plantações de uvas para vinhos especiais e azeites preciosos para
higiene e perfume( 5.11; 64-6).
- As mulheres “vacas de Basã ”, gordas e mimadas, induziam os maridos as injustiça para
poderem viver no luxo (4,1)
A mensagem de Amós, consistia em que Israel precisava ver Deus como ele de fato era.
Sua Profecia
Amós foi para o reino do norte e pregou com tal vigor e persistência, que Amazias escreveu: “a
terra não pode sofrer todas as suas palavras” (7.10)
Jeroboão morrerá à espada, e Israel certamente será levado para fora de sua terra, em cativeiro”
( 7,11).
Estrutura do Livro
A estrutura do livro de Amós é marcado por sete discursos de julgamentos:
1- Julgamento das nações - 1.3-2.5
2- Três discursos contra Israel 3.1-5.17
3-Dois oráculos de lamentos contra Israel 5.18-6.14
4-Cinco Visões de julgamento contra Israel 7.1-9.10
5-Duas promessas de Salvação 9.11-15
Apesar dos julgamentos presentes nas palavras de Amós, a última palavra de Deus para Israel é de
Salvação.
Teologias Presentes
- Javé o Deus Supremo. Há nas profecias de Amós o reconhecimento da natureza de Deus. Javé é
o Deus que governa o céu e a terra, mas também o Deus com quem todas as nações têm de acertar
contas. Ele forma os montes e cria os ventos ( 4.13).
- Javé é Deus de perfeição Moral.
Este reconhecimento da de Javé, leva a uma exigência do comportamento moral de todas as
pessoas. Deus dá vida a todos e todos serão considerados responsáveis por suas ações no mundo.
- Javé é o Deus de aliança. (3,2)
Javé escolheu Israel para ser o seu povo. Essa é essência da religião a aliança do Antigo
Testamento. A relação entre Javé e Israel é apresentada especialmente nos julgamentos
pronunciados por causa da natureza da aliança. Deus considera Israel culpado precisamente
porque “De todas as famílias da terra, somente a vós outros vos escolhi; portanto, eu vos punirei
por todas as vossas iniqüidades” . Ele fala do propósito redentor de Javé como aquele que livra seu
povo da escravidão (2.10).
Destaque
Entre muitos assuntos, destaca-se a responsabilidade da Eleição. Ou seja, o relacionamento
estreito entre o nome do Senhor revelado na aliança e o julgamento sobre o povo pelos seus
pecados – religiosos,políticos ou sociais – salienta uma verdade do Antigo Testamento muito
negligenciada: ser eleito de Javé implica, com suas liberdades a responsabilidade de o eleito viver
de acordo com a vontade revelada.
Em Amós, os pecados do povo estão relacionados com a lei de Javé.
Amós termina sua mensagem num tom muito mais esperançoso que aquele referente a um povo
desobediente e a sua punição.
O Deus que é livre para ser o Juiz de Israel é também gloriosamente livre para ser seu Salvador.
Essa é a visão de Deus proclamada pela profecia de Amós.

Pr. Flavio J. Ferreira,
Pastor da Igreja Metodista de Resende-RJ
O Profeta Amós e a Religiosidade
Afrontar a religiosidade dentro e fora dos templos é tarefa imperativa para hermenêutica.
Recordemos um pouco o caso do profeta Amós. O profeta Amós localiza bem o período de sua
mensagem, indicando o reinado de Uzias em Judá e Jeroboão II em Israel. De acordo com o relato
do segundo livro dos Reis, Uzias começou a reinar no ano 27 de Jeroboão. Jeroboão reinou 41
anos. Amós viveu num período de grande riqueza e, ao mesmo tempo imoralidade. Jeroboão
conseguira restaurar as fronteiras do reino do norte; havia riqueza e abundância no seu reino,
resultantes dos despojos de guerra e de negócios vantajosos feitos com Damasco e com
principados ao norte e ao nordeste. Contudo, juntamente com a prosperidade, da qual a classe
baixa não participou em nada, havia um materialismo dominante, caracterizando-se pela
exploração dos pobres e imoralidade, tentando aplacar a ira de Deus com cerimoniais vazios.
A mensagem de Deus através do profeta é destinada mais especificamente ao reino do norte, com
capital em Samaria, comumente chamado de Israel. Ela foi proferida pelo menos dois anos antes
da sua redenção; agora, após o terremoto predito, ele relembra o que aconteceu e mostra o que
ainda está por vir. O seu Livro foi escrito por volta do ano 760-755 a.C. A sua mensagem é um
lamento pela situação do povo. A métrica utilizada em seu registro, própria dos cantos fúnebres,
testemunha a tristeza do poeta diante da mensagem que leva ao povo. Amós era um homem
simples, do campo, cuidava de bois e colhia sicômoros. Vivia em Tecoa, que ficava a 10 km ao sul
de Belém, sendo uma região de pastoreio, privilegiada por montanhas com uma altitude de 850
metros.
Deus está profundamente aborrecido com o seu povo eleito; por isso o disciplinaria. Amós
descreve de forma vívida a situação de Judá e, principalmente de Israel. O ponto capital da
questão estava no fato de que eles rejeitaram a lei de Deus e não guardaram os seus estatutos;
portanto não agiam retamente; transformaram a mensagem de Deus em algo amargo, atirando-a ao
chão: “... rejeitaram a lei do Senhor, e não guardaram os seus estatutos, antes as suas próprias
mentiras os enganaram, e após elas andaram seus pais”... “Israel não sabe fazer o que é reto, diz o
Senhor, e entesoura nos seus castelos a violência e a devastação” (Am. 3.10). Como resultado da
desobediência à lei de Deus, todas as relações estão transtornadas, marcadas pelo domínio do
pecado.
Aqui, vem o ponto capital. Não queriam ouvir a Palavra de Deus; para tanto procuravam
corromper os mensageiros de Deus. A mensagem profética era entendida como conspiração. O
trágico de tudo isso, é que a mensagem que eles não queriam ouvir era justamente a que poderia
salvá-los, porque Deus lhes falava através do profeta; no entanto, eles não queriam que este
profetizasse: “Certamente o Senhor Deus não fará cousa alguma, sem primeiro revelar o seu
segredo aos seus servos, os profetas” (Am. 3.7). “Aborreceis na porta ao que vos repreende, e
abominais o que lhe fala sinceramente” (Am. 5.10).
Amós, fiel ao seu chamado, testemunha contra a tentativa do povo em silenciá-lo: “Mas o Senhor
me tirou de após o gado, e me disse: Vai e profetiza ao meu povo Israel. Ora, pois, ouve a Palavra
do Senhor: Tu dizes: Não profetizarás contra Israel, nem falarás contra a casa de lsaque” (Am.
7.15-16 / Am. 2.12).
Enquanto o povo não ouvia o profeta, alimentava-se de mentiras. Deus aponta para a
insensibilidade espiritual do povo em se converter a ele. (Do mesmo modo Ageu 1.9-11). Deus diz
que puniria o seu povo; o abandonaria. Ele não era subornável mediante cultos mecânicos que não
alteravam em nada o seu comportamento; o povo apenas gostava do ritual.
O ritualismo vazio pode ser ilustrado na vida de Israel. Os povos costumam ter seus lugares
sagrados, marcos de grandes acontecimentos ou da existência de grandes personagens. Para lá se
dirigem objetivando prestar seu culto ou mesmo buscar inspiração. O povo de Israel também tinha
esta prática; o livro de Amós nos fala de três lugares:
a) Betel: Jacó teve uma visão de Deus e conclui dizendo que Deus estava naquele lugar. Aqui,
Jacó saiu com uma nova perspectiva de vida amparada na promessa de Deus. Mais tarde, Jacó foi
a Betel lembrando-se de que Deus se revelara a ele anteriormente e agora, teve uma nova
experiência; Deus lhe falara, mudou seu nome; ele já não mais se chamaria Jacó, mas Israel. Betel
significava a presença de Deus e o seu poder renovador.
b) Gilgal: Josué erigiu um monumento com doze pedras após atravessar a pé enxuto o rio Jordão.
Também ali, os homens que nasceram no deserto foram circuncidados e o povo participou da
páscoa. Gilgal era o santuário que proclamava a herança e a posse da terra prometida de acordo
com a vontade de Deus.
c) Berseba: Abraão fez aliança com Abimeleque e invocou o nome do Senhor. Abimeleque disse a
Abraão: “Deus é contigo em tudo o que fazes” (Gn. 21.22).
Deus não deseja que o povo procure mecanicamente os lugares de culto, por eles mesmos
corrompidos, mas que o busque, para que tenham vida. Buscar a Deus é o oposto a meras
peregrinações a lugares sagrados, a santuários como em Betel, Gilgal ou Berseba; estes santuários
juntamente com o povo estavam sob julgamento.
Por causa de seus pecados, Israel seria destruído, sendo levado cativo. Israel deve se preparar para
se encontrar com o Senhor, e prestar contas a ele. No entanto, a mensagem de Deus permanecia
até o último instante conclamando o povo a uma atitude de arrependimento e de busca de Deus. A
única solução para Israel estava na proclamação de Amós: “Buscai ao Senhor e vivei” (Am. 5.6).
É necessário que não permitamos que uma religiosidade estereotipada caracterize a nossa vida;
Deus deseja não que cumpramos simplesmente rituais; ele quer que o busquemos. Os ritos só têm
valor quando realizados conforme a palavra e com sinceridade. A nossa única chance real de
salvação é buscar a Deus.
Amós: O Profeta Leigo
Amós respondeu a Amazias: 'Eu não sou profeta nem pertenço a nenhum grupo de profetas,
apenas cuido do gado e faço colheita de figos silvestres. Mas O Senhor me tirou do serviço junto
ao rebanho e me disse: "Vá, profetize a Israel, o Meu povo".' (Amós 7:14 e 15, NVI)
Amós era o que hoje denominamos "leigo" quanto a graduação acadêmica em assuntos religiosos,
e "gente do povo" pela formação secular, da qual por certo possuía pouca coisa. Mas Amós era
uma pessoa consagrada a DEUS, andava com DEUS e foi o escolhido para levar advertências
àqueles que se haviam fiado em rituais burocráticos estéreis e repetitivos, e que criam na origem
de Abraão como suficiente garantia de salvação. Sentiam-se povo superior, favorecido por DEUS,
que possuía privilégios dados a nenhum outro povo.
Por intermédio de um leigo comum DEUS estava levando um conjunto de mensagens poderosas a
Israel e suas autoridades, e advertências derradeiras diante do estado calamitoso em que se
encontravam. Essas mensagens, em grande parte, são aplicáveis à situação em nossos dias.
Vivemos nos dias finais da história da humanidade presa pelo pecado. São dias em que as
organizações e a igreja de DEUS estão, em muitos casos, bem enredadas por procedimentos
burocráticos de rotinas, que envolvem muitas pessoas, e às atividades mais importantes pouco
tempo resta. As atividades que deveriam ser de apoio àquelas que de fato interessam que
denominamos atividades fim, onde se realizam os objetivos da igreja, tornam-se gradativamente
nas mais importantes, um fim em si mesmas. E o que deveria ser importante acaba por ser
engolfado pelo que não o é, e falta tempo para o essencial.
Por exemplo, quanto tempo um pastor possui para visitar seus membros e estimulá-los à fidelidade
e ao trabalho? As atividades burocráticas assumiram a prioridade em lugar do que é de fato
relevante. Há um paralelismo entre a situação daquela época e a de hoje.
O Profeta não Profeta
Na situação de progresso nacional, de abundância de recursos, de investimentos, de elevada
produtividade, de vida feliz, eis que surge das sombras um homem rude para falar com
determinação que tudo isso irá mudar e para pior. Um homem só, sem currículo, sem autoridade
humana, sem formação acadêmica, sem titulação, sem nobreza, apenas um vaqueiro que
trabalhava para seu sustento, mais nada. Esse homem DEUS escolheu, e ele foi e cumpriu a
incumbência recebida.
DEUS em diferentes ocasiões faz chamados assim. Veja:
"Ao comunicar luz a Seu povo antigamente, Deus não operava exclusivamente por meio de uma
classe. Daniel era um príncipe de Judá. Também Isaías era de linhagem real. Davi era um jovem
pastor, Amós um vaqueiro, Zacarias um cativo de Babilônia, Eliseu um lavrador. O Senhor
suscitava como representantes Seus a profetas e príncipes, nobres e plebeus, e ensinava-lhes as
verdades a serem dadas ao mundo." (Ciência do bom viver, 148)
"Às acusações dos inimigos, que dele zombavam pela fraqueza de sua causa, Lutero respondia:
'Quem sabe se Deus não me escolheu e chamou, e se eles não deverão temer que, ao desprezar-me,
desprezem ao próprio Deus? Moisés esteve só, na partida do Egito; Elias esteve só, no reino do rei
Acabe; Isaías só, em Jerusalém; Ezequiel só, em Babilônia. ... Deus nunca escolheu como profeta
nem o sumo sacerdote, nem qualquer outra grande personagem; mas comumente escolhia homens
humildes e desprezados, e uma vez mesmo o pastor Amós. Em todas as épocas, os santos tiveram
que reprovar os grandes, reis, príncipes, sacerdotes e sábios, com perigo de vida. ... Não me
considero profeta; mas digo que eles devem temer precisamente porque estou só e eles são muitos.
Disto estou certo: que a Palavra de Deus está comigo, e não com eles." - D'Aubigné. (GC, 143 e
144)
Esses homens, todos, foram chamados para uma tarefa especial. Eles responderam positivamente a
DEUS, por intermédio deles, DEUS conduziu o curso da história para os dias de hoje, e por certo
salvou a humanidade de tragédias fatais e continua a oferta de salvação a todos que quiserem.
Inserimos texto referente a Amós, Israel e Judá naquela época. Poderá servir para enriquecer o
estudo do semestre.
"Amós foi um dos doze profetas menores, sendo nativo de Tecoa, cidade a dez quilômetros ao sul
de Belém. Era pastor, mas foi chamado por Deus a fim de profetizar nos dias dos reis Uzias, de
Judá, e Jeroboão, de Israel, em cerca de 786-746 A.C. (...) Sua vida tranqüila foi perturbada por
uma séria de visões que o levaram à conclusão hesitante de que Israel estava prestes a ser
aniquilada como nação, a despeito de afirmar-se sob a perpétua proteção de Deus. Yahweh, que
lhe deu a mensagem, é visto como o criador e soberano de toda a natureza, bem como o justo juiz
da história, o qual intervém na vida humana. (...)
Uzias, de Judá, e Jeroboão II, de Israel (ambos reinaram no mesmo período), desfrutaram de paz e
prosperidade. Os inimigos militares estavam quietos ou haviam sido esmagados. A Assíria havia
derrotado a Síria, permitindo que Jeroboão II ampliasse as suas fronteiras (ver II Reis 14:25). O
comércio trouxe novo surto de riquezas. Tanto Judá (ao sul) quanto Israel (ao norte) cresceram, e
o reino de Israel combinado com o de Judá chegou a ter quase as mesmas dimensões que tivera na
época de Davi e Salomão, a era áurea de Israel.
Embora a Assíria estivesse se tornando uma ameaça militar, sob o governo de Tiglate-Pileser III
(745-727 A.C.), qualquer ameaça vinda daquela direção parecia remota àqueles que descansavam
na prosperidade de Israel.
Sucedeu que a prosperidade material, como é usual, provocou suas corrupções sociais e religiosas.
A vida fácil estava debilitando moralmente o povo (ver Amós 2:6-8; 5:11,12). Amós sentiu ser
necessário denunciar a vida de luxo, a idolatria e a depravação moral do povo, advertindo sobre
julgamento e cativeiro final.
A adoração do Baal dos cananeus foi incorporada no culto de Israel, e a arqueologia tem
demonstrado que a religião cananéia contemporânea do profeta era a religião mais corrupta que
havia no Oriente Próximo. A prostituição ritual fazia parte desse culto. Alcoolismo, violência,
grosseira sensualidade e idolatria eram fatores constantes.
Israel participava dessa corrupção (ver Amós 4:4,5 e 5:5), corrompendo totalmente o ideal do
monoteísmo. A degradação geral degenerou para a injustiça judicial, onde os ricos exploravam os
pobres, produzindo um virtual estado escravocrata.
A arqueologia tem trazido a lume evidências da extensão da prosperidade do comércio nessa
época, em Samaria, riquezas que se espalhavam para outras partes de Israel. As ostraca
samaritanas, atribuídas ao reinado de Jeroboão II, alguns sessenta e três casos inscritos à tinta,
recuperados em 1910, encontrados pela expedição Harvard à Samaria, em ruínas a oeste do local
do palácio real, contêm detalhes sobre o comércio, sobre os impostos e sobre itens luxuosos, sobre
o vinho e o azeite.
O selo de jaspe de Sema, servo de Jeroboão, descoberto em Megido, em 1904, ilustra as
realizações artísticas do povo daquela época. Seus leitos eram decorados com engastes de
mármores, com representações de lírios, veados, leões, esfinges e figuras humanas aladas. Foi um
período de vida ociosa, riqueza, arte e lassidão moral.
Em outras palavras, Israel tornara-se uma nação doente, como sucede à maioria das sociedades
abastadas. A opressão contra os pobres era intensa (ver Amos 2:6 ss), os famintos eram deixados
famintos (ver Amós 6:3-6), a justiça se vendia a quem subornasse mais (ver Amós 2:6 e 8:6), os
agiotas exploravam suas vítimas (ver Amós 5:11 ss ; 8:4-6). A religião não era negligenciada, mas
havia sido pervertida (ver Amós 3:4; 4:4 e 7:9). O julgamento divino era iminente.
Corria o segundo quartel do século VIII A.C., durante os reinados de Uzias, rei de Judá (779-740
A.C.) e Jeroboão, rei de Israel (Samaria) (783-743 A.C.). Esses dois reis reinaram ao mesmo
tempo pelo espaço de trinta anos, de 779 a 743 A.C. Durante parte desse tempo, Amós profetizou
e escreveu o seu livro. Foi-lhe ordenado que retornasse à sua terra nativa de Judá, após ter pregado
em Israel durante algum tempo (ver Amos 7:10-13), e isso pôs fim à sua carreira como profeta de
Yahweh.
Não há como determinar a data exata da escrita de seu livro, embora o período geral seja óbvio.
O homem Amós. Nasceu em Tecoa, aldeia a dez quilômetros ao sul de Belém. Era pastor, sem
treinamento teológico, acerca de quem nada sabemos até o momento de sua chamada. Também
trabalhava como cultivador de sicômoros (ver Amós 7:14). Migrava em certo período do ano para
o território mais fértil de Efraim, onde trabalhava com os sicômoros. Portanto, era um leigo
humilde e seminômade, e não um membro da classe profética (ver I Reis 22:6 ss), tendo-se
recusado a ser chamado de profeta, embora admitindo ter sido forçado a entrar no ministério
profético, por comissão divina.
Em uma série de visões, provavelmente no fim da primavera ou no verão de 751 ou 750 A.C., (ver
Amós 7:1-9 e 8:1-3) ele recebeu sua espantosa mensagem concernente à iminente destruição e
deportação do povo de Israel. Foi acusado de conspiração contra Jeroboão e foi ameaçado por
Amazias, sumo sacerdote de Betel. Após ter cumprido sua missão, Amós retornou a Judá.
Permanecem desconhecidos o tempo e a maneira de sua morte, bem como quaisquer detalhes
subseqüentes de sua vida." (CAHMPLIN, R. N. e BENTES, J. M. Enciclopédia de Bíblia,
Teologia e Filosofia, vol. 1, p 144)
Tempos Como Estes
Contexto social e econômico da época: tranqüilidade; diversões da riqueza; pessoas de prestígio;
vida para si; imoralidade; desonestidade; injustiça; vestuário estravagante; urbanismo ascendente;
exploração dos mais pobres em benefício dos mais ricos; luxo mais que exagerado...
Hoje: filmes pornográficos; jogos de video-game; esportes competitivos e/ou violentos; lazer não
recreativo; glutonaria; piadas de mau gosto; orgulho e vaidade; busca do poder e do prestígio; uso
da força do cargo que exerce; há os que apreciam a sensualidade; mau uso do tempo, grande parte
na frente da TV, ainda em programas prejudiciais ao caráter; acumulação exagerada de bens;
nenhuma ou apenas pouca preocupação com a salvação; costumes do mundo, em muitos casos -
pintura, enfeites...; música degradante; vícios...
O paralelismo da situação nacional e religiosa do tempo de Amós e a de hoje permite uma
equalização quase que perfeita, respeitadas as devidas diferenças tecnológicas, ou seja, hoje
vivemos em tempos que nos permitem muito maior degradação do caráter. Há, hoje, muitos Amós
falando, com a Bíblia aberta, nos dias que antecedem a sacudidura.
A Situação Política
Jeroboão II reinou em Israel - reino do norte - de 793 a 753 (há quem prefira de 782 a 746). Ele
ampliou as fronteiras do reino. Foram dias de prosperidade material como não se vira desde os
dias de Salomão. No entanto, a vida religiosa estava caótica, isso retratado na Bíblia em Oséias
6:4-10; 10:1-15; Amós 2:6-8 e 3:13 a 4:5. Para Israel foi um período de tranqüilidde como aos
antediluvianos, aos de Sodoma e Gomorra e outras cidades e civilizações em degradação por causa
de seu sucesso material. Hoje, estamos prestes a repentina destruição, e muitos pensam que a vida
ainda promete muito.
Naquele tempo, as escavações hoje o revelam, foram construídas várias fortificações, em alguns
lugares com muralha dupla que chegava até dez metros de largura. A Assíria levou três anos para
derrotar o país (ver II Reis 17:5).
Foi construído um magnífico palácio de pedra calcária com torres altas. Foi um tempo de muitas
festividades, danças e folguedos, acompanhadas por práticas morais duvidosas (Amós 6:4-6). A
religião acompanhou o baixo nível moral e degenerou. A idolatria levou o povo a práticas piores
que os pagãos, de onde copiavam aquelas práticas e tratavam de as tornar ainda mais repugnantes.
O filho de Jeroboão II, que lhe sucedeu, Zacarias, permaneceu no trono por apenas seis meses e
foi assassinado. Amós profetizou que a espada visitaria a casa de Jeroboão II. Isso aconteceu com
seu filho ao ser assassinado. Terminou então a dinastia de Jeú, o que fora profetizado em II Reis
15:8-12. Trinta anos mais tarde, acontece o desastre nacional, tendo fim a história de Israel como
nação: foram derrotados pela Assíria e levados em cativeiro.
As Metáforas Usadas por Amós
DEUS utilizou as características pessoais de Amós. O modo poético, reflexivo, profundo, muito
curioso de se comunicar dava força à mensagem. Levava a pensar no que queria dizer e o efeito
que queria obter, levava a refletir, a considerar em forma de debate. Isso permitia a DEUS maior
efetividade ao que estava querendo transmitir por intermédio daquele homem despojado de
qualquer recomendação curricular.
Se havia outras pessoas fiéis para realizar este trabalho, por certo havia. Mas Amós possuía as
características especiais para transmitir a mensagem, isso os demais não possuíam. O seu estilo
rústico, simples, direto, com uma diplomacia não lisonjeira, era o que DEUS precisava. Ele era
incisivo, destemido, em certos momentos polêmico, sempre fiel ao que devia transmitir, e
insistente em fazer entender a mensagem.
Ele, apesar de rude, digamos uma rudeza não de grosseria, mas de simplicidade, sabia usar muito
bem maneiras de como se fazer ouvir. Sabia atrair a atenção para a mensagem, e criava situações
de comunicação em que seus ouvintes se tornavam muito curiosos.
Amós, mesmo com pouca formação acadêmica, mostrou-se sábio na transmissão da mensagem.
Emprestava poder às suas palavras e as tornava em verdadeiras setas penetrantes na alma dos
ouvintes. Ele foi, naquela época, o instrumento mais valioso de DEUS para tentar salvar Seu povo,
o reino de Israel. Amós não falhou, nem DEUS, os ouvintes é que não quiseram tornar atrás e
converter-se ao Senhor.
Três décadas depois, e já não havia mais povo de Israel em forma de país, estavam no cativeiro
Assírio. Amós não fora ouvido pelos líderes da nação, o desastre não pode ser evitado, embora
suficientemente anunciado. A derrocada de Israel naquela época corresponde a forte sacudidura
que irá acontecer nos dias que antecedem ao final d história.
O Senhor Revela Seus Segredos
O Senhor faz promessas, são coisas boas que se tornarão realidade na vida daqueles que confiam
n'Ele. Ao lado das promessas, Ele também revela detalhes importantes do futuro, fatos que irão
acontecer para que todos que n'Ele crêem se sintam seguros quanto ao seguinte:
(a) que as promessas são confiáveis e para que creiamos, tenhamos segurança, certeza, que isso
contribua para o fortalecimento da fé;
(b) que saibamos a que altura da história da humanidade em pecado estamos, ou seja, como é o
caso, hoje sabemos que estamos nos últimos anos da história do mal - não sabemos o dia e a hora
da vinda do Senhor, mas a época é essa;
(c) para que preguemos com cada vez maior fervor, intensidade e esforço;
(d) para que o mundo seja alertado, e todas pessoas tenham oportunidade de escolher entre serem
salvas e se perderem;
(e) para que a vida aqui cada vez mais insegura, cheia de perigos, ainda assim, seja acompanhada
por um estado interior de paz, uma felicidade ante a expectativa do cumprimento das grandes
promessas d'Aquele que nos ama;
(f) para que tenhamos motivos de nos confortar uns aos outros, e nos unirmos em comunhão no
nome d'Aquele que nos ama.
Ele revela segredos aos Seus filhos porque os ama. Os profetas são escolhidos para informar aos
demais filhos sobre os atos que O senhor irá realizar. Isso nos dá uma segurança especial: Ele não
fará nada que pegue de surpresa aqueles que escolheram amá-Lo. Ele virá como um ladrão, mas
não assim para aqueles que conhecem as profecias.
Conclusão
Sem estarmos continuamente sendo provados, não nos mantemos facilmente no caminho da vida
eterna. Assim que a vida se torna mais folgada, que a prosperidade se faz sentir, a tentação de
voltar-se para as coisas do mundo é grande. Desde que Adão e Eva pecaram foi assim.
Nos tempos atuais, Satanás procura aumentar ainda mais essa inclinação para o mal. O que é bom
nessa vida tornou-se uma espécie de 'vírus do mal' a atentar contra a vida espiritual, minando as
defesas da alma contra a fidelidade aos princípios do amor.
Como é difícil ser próspero e ao mesmo tempo continuar humildes. Como é difícil ter títulos
acadêmicos e não se tornar arrogante. Como é difícil a alguém que obteve bom desempenho na
carreira profissional e não olhar os demais com desprezo, unindo-se apenas aos que também foram
bem sucedidos na vida terrena.
Como é difícil a alguém que, pelo poder do Espírito Santo obteve a graça de levar grande bom
número de pessoas ao batismo, e não fazer a contabilidade de suas estrelas em sua coroa. Como é
difícil a alguém que chega a ocupar altos postos em organizações importantes e não ser afetado
pela lisonja.
Como é difícil a alguém que seu time (isso por si já está errado) venceu uma partida, e não gozar
de seus irmãos. Como é difícil não envolver-se em anedotas de gosto duvidoso. Como é difícil não
ingerir as bebidas que o mundo oferece, mesmo que sem álcool, mas que tem seu poder destruidor
garantido.
Como é difícil manter-se afastado das modas ridículas que são impostas às pessoas, sem as quais,
pensam que não são livres e que estão desatualizadas. Como é difícil não gastar tempo com filmes
de maus costumes, e muitas vezes que representam um terrível culto pornográfico dedicado ao
demônio, dentro da própria casa.
Como é difícil ser absolutamente honesto e justo com as coisas do quotidiano, bem como com as
pessoas que confiam em nós. Como tudo é difícil, ou melhor, como é fácil assumirmos a
identidade do pecado.
Por essas coisas todas, e muitas mais, DEUS tem enviado a muitos, provas, para que não caiam
nessas tentações, e se caírem, se levantem pelo poder de DEUS, e sejam salvas. Como um dia,
todos nós agradeceremos ao Senhor pelas provas que nos foram enviadas, e por cousa delas,
estamos salvos para a vida eterna, sem elas, estaríamos eternamente perdidos. Estudemos bem o
pequeno livro de Amós.

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