segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Liderança em Tempos de Crise - Subsídio para Escola Dominical e Educação Cristã


NEEMIAS
Retrato Histórico de Jerusalém antes e após a Chegada de Neemias em Jerusalém – Parte II.



“E disse ao rei: Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique.
Então o rei me disse, estando a rainha assentada junto a ele: Quanto durará a tua viagem, e quando voltarás? E aprouve ao rei enviar-me, apontando-lhe eu um certo tempo”.
(Neemias 2:5-6)

Como havia prometido no último subsídio histórico, nos deteremos agora no grupo de Neemias que foi liberado pelo rei para as ações de reconstrução de Jerusalém, principalmente a estrutura física dos muros que estavam comprometidas. Ele, Neemias, seguiu viajem em 444 a.C. após 94 anos do decreto de Ciro que permitiu o primeiro retorno com Zorobabel, e treze anos atrás do segundo grupo liderado por Esdras, como havia dito no texto anterior, o novo “Moisés” daquela época. Como Esdras era sacerdote, descendente direto de Arão, após a reforma e construção do templo, ele se dedicou as suas funções de origem, ou seja, intercessão sacerdotal pelo povo que estava em Jerusalém, por isso, Deus separa Neemias para executar e finalizar a tarefa de recuperação física e moral de Judá através da “reconstrução das defesas militares e da segurança civil da nação que estava renascendo” (HOFF, p. 300, 2003). A reconstrução das muralhas durou cinquenta e dois (52) dias, e nesse período remonta o quanto é difícil ser um líder com tantas perseguições e oposições.

As características marcantes de Neemias segundo Hoff (2003) são “[...] profunda fé, inclinação a orar, um fervoroso patriotismo e uma solícita atitude de fazer tudo para o bem de seu povo...” como também tinha um espírito de liderança muito forte induzido por essa solicitude, por isso, foi nomeado por Artaxerxes como governador de Judá. Isso mostra que Neemias possuiu um papel importante e complementar ao trabalho de Esdras que era um mestre da Lei interessado em restaurar a saúde espiritual do povo que perecia em pecado.

Sabemos que a situação política do povo judeu era bem desconfortávell, tanto quanto muito outros povos subordinados ao império persa, apesar da ida de Zorobabel com tanta gente a Jerusalém o estado judeu não foi instituído e independente, pelo contrário, Judá não passou e simples província totalmente dominada e condicionada das decisões do comando mor persa, e isso perdurou até a queda deste império. Isso é tão comprovado que não há nenhum relato histórico que mostre alguém em posição de destaque e liderança nesse período que tenha sido judeu.


Voltando ao assunto principal deste texto, notamos que só Neemias era o homem certo para a escolha divina para tal trabalho, por isso o rei o libera e ainda lhe oferece uma escolta de soldados que inibiria possíveis reações das províncias vizinhas, já que em anos anteriores, no período do próprio Artaxerxes Longimanus (rei que Neemias servia como copeiro) os samaritanos sugeriram que não deixasse prosseguir a reconstrução de Jerusalém liderada por Zorobabel, os mesmos então, tiveram a permissão de atacar e destruir a cidade, por isso, ninguém tinha mais ânimo para recomeçar outra vez. Por isso, a liderança de Neemias foi tão importante, e a escolta armada trouxe temor aos governos vizinhos que mesmo assim continuaram perseguindo e tramando mais uma queda de Judá.


O ânimo de Neemias e seu amor por seu povo começa a contagiar as pessoas, ele passa cerca de três dias analisando a visão do povo, sente o cheiro do povo, os anseios e principalmente o desânimo e a falta de estrutura psicológica de seus compatriotas e é em cima do ego do povo que ele começa a trabalhar.


Importante notarmos as características de liderança de Neemias, a primeira delas é a perspicácia, pois ele saiu de noite para verificar os problemas das muralhas, a destruição de todo o complexo do sítio de Jerusalém, em geral, fez literalmente uma inspeção, com esse “estudo de caso” feito por ele, começa a trazer para si parceiros do projeto, apresenta as possibilidades, a liberação dada pelo rei, e começa a traçar metas para reverter a crise em benção, pôs a “mão na massa” e encorajou o povo mostrando que Deus o havia escolhido, aos poucos foram aparecendo voluntários, mas a crise não havia terminado só porque o povo tinha recobrado o ânimo, pelo contrário, só estava começando, leia o trecho a seguir:


“O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e Gesém, o árabe, zombaram de nós, e desprezaram-nos, e disseram: Que é isto que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei?
Então lhes respondi, e disse: O Deus dos céus é o que nos fará prosperar: e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos; mas vós não tendes parte, nem justiça, nem memória em Jerusalém”
.
(Neemias 2:19-20)

Josefo (2004) complementa “Depois dessas palavras, Neemias ordenou aos magistrados que mandassem medir o perímetro das muralhas. Dividiu o trabalho entre o povo, fixou a cada porção um número de aldeias e de vilas, para também trabalharem com eles, e prometeu ajudá-los o quanto possível. Todos se animaram com essas palavras e puseram mãos à obra. Foi então que se começou a chamar de judeus os que de nossa nação regressaram da Babilônia e da judéia ao país, porque fora outrora propriedade da tribo de Judá.


Os versículos citados acima mostram que no meio do povo também apareceram os críticos e negativistas, ironizando a atitude de Neemias e desconfiando de seu espírito de liderança que tinha sido dado por Deus, mas Deus dá a resposta certa ao servo fiel e Neemias retruca e ainda os pôs fora daquela grande comissão de reconstrução da cidade de Jerusalém.


O seu primeiro ato foi distribuir o trabalho em 44 grupos de trabalhadores, e cada grupo ficou responsável pelo setor da muralha que lateralizava suas casas, fazendo com que cada grupo se sentisse na responsabilidade de deixar a região de seu interesse mais forte e melhor construída beneficiando as famílias de todos os trabalhadores.


Outro grave problema que aconteceu foram os “mauricinhos” da época que não queriam sujar as mãos no batente, quantos destes temos hoje no meio da congregação? Se contarmos veremos que são muitos, “santa preguiça destes!” que o Senhor tenha misericórdia de pessoas assim, enquanto os outros correm atrás, estes ficam “jogando conversa fora” e muitas vezes criticando os que fazem a obra da “pedra quente” e que “pegam no batente”.







REFERÊNCIAS


COLEMAN, William L. Manual dos Tempos & Costumes Bíblicos, Belo Horizonte, 1991.


HOFF, Paul. Os livros históricos, São Paulo, Editora Vida, 4ª edição, 2003.


GUSSO, Antonio Renato, Panorama Histórico de Israel – Para estudantes da Bíblia, Curitiba, A.D. Santos Editora, 2010.


JOSEFO, Flavio, História dos Hebreus, Rio de Janeiro, CPAD, 8ª Edição, 2004.
                                                               

http://pt.wikipedia.org , WIKIPEDIA, acessado em 03/10/2011.


http://www.bibliaonline.com.br - Biblia online acessado em 03/10/2011.

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