quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Lição 1: A apostasia no Reino de Israel, subsídio exegético por Cleiton Medeiros.


Lição 1: A apostasia no Reino de Israel (Subsídio Exegético)



No capítulo 18 de I Reis podemos destacar três palavras que refletem a realidade de Israel e o teor da conversa entre Acabe e Elias.

עֹכֵר vers. 17 Qal particípio; עָכַרְתִּי vers. 18 Qal 1ª pess. Completo. Palavras cujas raízes estão no verbo עָכַר (´ÄKhAR) que significa: arruinar, danificar, desfazer, transformar algo em tabu, lançar para fora do relacionamento social, agitar, perturbar, transtornar. Essa palavra nunca é usada de forma positiva, é sempre usada negativamente. É utilizada tanto tendo Deus como sujeito quanto o homem.


בַּעֲזָבְכֶם vers. 18 בַּ (preposição) + עֲזָב (verbo) + כֶם (sufixo pronominal 2ª pess. Plural). עָזַב (`ÄZABh) significa abandonar, deixar, soltar, desprender-se, descuidar, desatender, partir. Com a palavra “soltar” percebemos a ideia de “deixar como está”, "deixar solto". A palavra grega utilizada na septuaginta neste versículo, no confronto entre Elias e Acabe, não é ἀποστασία (apostasia: defecção, rebelião, secessão, deserção, "abandonar no sentido de deserção"), é καταλιμπάνειν (katalimpánein) uma forma conjugada de καταλείπω (kataleípô: abandonar, descuidar, deixar para trás, negligenciar e, literalmente, deixar ao lado; seria "abandonar no sentido de deixar acontecer"). A palavra grega reforça o sentido de negligência da parte de Acabe e da sua família ao permitir que a influência de Jeroboão e Jezabel prevalecesse.
Com a passividade de Acabe em deixar a coisa rolar desde Jeroboão e, como se isso fosse pouco, seguiu o mau exemplo do seu pai, piorando, assim, a situação. Acabe superou seu pai (I Rs 16.25) que pecou mais que seus antecessores quando se permitiu ser influenciado por sua ímpia esposa (I Rs 16.30,31; ver também 21.25), os efeitos negativos recaíram sobre o povo que parecia perdido (I Rs 18.21). Estavam andando de muletas feitas de galhos de árvore, esse é o significado literal do termo hebraico usado no texto (סְעִפִּים: Se´IPÎM). Isso demonstra a incapacidade que a fé em deuses falsos, que provém de ensino baseado em mentiras, tem de suprir nossas necessidades primordiais (espiritualmente e fisicamente, só o Senhor é capaz de suprir aquilo que nos é mister). Normalmente as versões em português traduz Se´IPÎM como “de um lado para o outro” ou “pensamentos”. Vejamos a definição de coxear no dicionário Priberam da Língua Portuguesa “Andar, inclinando-se para um dos lados, por defeito, ou doença num pé ou numa perna”. Provavelmente a tradução por pensamentos se deve a semelhança entre as palavras סְעִפִּים (Se´IPÎM) e סְעֲפִים (SË´aPhÎM: indeciso, incoerente de mente e de coração).   Um líder que deixa o ensino errado correr solto e ainda se sujeita a ele, terá discípulos aleijados porque seguem o que os outros dizem e não o que Deus diz e o risco das pessoas se decepcionarem é muito alto, pois, como um galho de árvore, o falso ensino pode quebrar com facilidade deixando o chão aparar o corpo do infeliz que se apoiou no que não traz verdadeira segurança.



Cleiton Medeiros
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Referências:

GINGRICH, F. Wilbur; DANKER, Frederick W. Léxico do Novo Testamento. São Paulo, SP: Vida Nova, 2007.

RUSCONI, Carlo. Dicionário do Grego do Novo Testamento. 4ª ed. São Paulo, Sp: Paulus, 2011.

HOLLADAY, William L.. Léxico: Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento. 1ª edição São Paulo, SP: Vida Nova, 2010. Tradução: Daniel de Oliveira.

SCHÖKEL, Luis Alonso. Dicionário Bíblico Hebraico-Português. 3ª edição São Paulo, Sp: Paulus, 2004. Tradução: Ivo Storniolo, José Bortolini.

NVI.Bíblia: Nova Versão Internacional. São Paulo, SP: Vida, 2000.

SAYÃO, Luiz A. T. (Ed.). Antigo Testamento: Poliglota. São Paulo, Sp: Vida Nova: Sociedade Bíblica do Brasil, 2003.

MENDES, Paulo. Noções de Hebraico Bíblico. 1ª edição São Paulo, Sp: Vida Nova, 1981.

HARRIS, R Laird; ARCHER JUNIOR, Gleason L; WALTKE, Bruce K. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. 1ª edição São Paulo, Sp: Vida Nova, 1998. Trad. Mácio Loureiro Redondo; Luiz A. T. Sayão; Carlos Oswaldo C. Pinto.

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