quinta-feira, 11 de julho de 2013

Lição 2 - Esperança em Meio à Adversidade, 14 de julho de 2013, subsídio: Professor Érick Freire - Parte II

Resiliência
“E a maioria dos irmãos, motivados no Senhor pela minha prisão, estão anunciando a palavra com maior determinação e destemor”. (Filipenses 1:14)
O que intriga neste verso é o forte sentimento resiliente dos irmãos membros da igreja romana que revés ao amedrontamento por causa da perseguição e prisão a Paulo, receberam uma porção extra de ânimo, sentiam-se motivados a evangelizar mais, como uma resposta as opressões, uma retaliação positiva. De fato “O conhecimento disto deve suplantar nossos temores, de modo a podermos falar ousadamente em meio aos perigos”. (CALVINO, 2010, p. 187). Quem eram os que estavam sendo estimulados a enfrentar estes perigos iminentes? Os irmãos romanos, ou melhor, parte destes que eram motivados para e pela Palavra de Deus, sentiam um amor em professar as boas novas do evangelho.

Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa vontade; Uns, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões. Mas outros, por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho. Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda”. (Filipenses 1:15-18)
Além daqueles que pregavam o evangelho por amor, existiam outro grupo, os que tinham interesses escusos, Hernandes Dias Lopes coloca e expõe de forma primorosa cada qual:
“Alguns crentes pregam o evangelho com motivação errada (1.15). Uns pregam o evangelho por amor ao evangelho; outros, por amor a si mesmos [...] Alguns irmãos, ao verem Paulo preso, se esforçaram para pregar o evangelho, com cinco motivações erradas:
Primeiro, inveja. No grego, temos o vocábulo phthonos, que significa “ciúmes”, “inveja”. A inveja se intromete entre pregadores do evangelho. Com quanta profundidade ela está arraigada em nosso coração, mais profundamente do que muitos pecados rudes[...]
Segundo, porfia. É a tradução de eris, palavra grega que significa “contenda”, “discórdia”, “dissensão”. Essa foi a palavra que Paulo usou para descrever as facções existentes na igreja de Corinto, e que provocaram traumáticas divisões (1Co 3.3)[...]
Terceiro, discórdia. No original grego é eritheia, que significa “disputa”, “ambição egoísta”, com explosões de egoísmo. Essas pessoas pregavam por interesses pessoais. Pregavam para aumentar a sua própria influência e prestígio. Eles pregavam para engrandecer a si mesmas. Essas pessoas trabalhavam para terem mais influência sobre a igreja. A glória do nome delas, e não a glória do nome de Cristo, é o que buscavam com maior fervor[...]
Quarto, falta de sinceridade, O culto à personalidade é um pecado que ofende a Deus. Toda glória dada ao homem é vazia (2.3,4)[...]
Quinto, suscitar a tribulação a Paulo. A palavra usada é thlipsis, “pressão, fricção”[...] pensavam que Paulo também era como eles. Pensavam que estava disputando primazia. Olhavam para Paulo como um competidor e um rival. Trabalhavam apenas para apresentar um relatório com maiores resultados. Esses pregadores interessavam-se mais em sua reputação do que em sua mensagem”.(2007, p.79-81)

Não diferente, nos nossos dias há muitos depravados pregando o evangelho, e além do mais enriquecendo com ele, mesmo Paulo dizendo que o importante é o anunciar a Cristo, ele não diz que os que pregam para benefício próprio estão certos, mas que o objetivo do evangelho está acima destes inescrupulosos!

“Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo,Segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho”. (Filipenses 1:19-21)

Algumas pessoas pensam que Paulo gostava de sofrer, que suas marcas eram um “carma” ou que este era um caminho penitencial. Ledo engano, na realidade, mesmo sofrendo com tantas agruras Paulo tem esperança, fé na libertação. Para libertação a palavra grega seria soteria, contextualmente salvação e/ou bem-estar. Esta provisão que tanto almejava Paulo só seria possível pelo Espírito, pois este “...é a causa eficiente, enquanto que oração é um auxílio subordinado”. (CALVINO, 2010, p.391)
Outro ponto importante é que Paulo mesmo se não fosse solto (pensava), a glória do Senhor seria manifesta através dele e sua esperança nEle, mesmo estando morto fisicamente, não acabaria. Para ele viver é estar em Cristo, viver segundo o que Ele o ensinou, não seria decepcionado com Deus mesmo sendo martirizado. Confiava que sua morte traria tantos benefícios ao evangelho, quanto literalmente nos ensinos de Jesus, cumprindo a sua Palavra, dando testemunho vivo de (Mt 6).
Vejam esta belíssima exposição de Calvino acerca do verso 21:

“Os intérpretes têm feito até agora, em minha opinião, uma tradução e exposição errôneas desta passagem; pois fazem esta distinção; que Cristo era a vida para Paulo, e a morte era lucro. Em contrapartida, eu faço Cristo ser o sujeito da frase em ambas as partes, de modo que ele é declarado como sendo lucro para ele, quer na vida, quer na morte; pois entre os gregos é costumeiro fazer a palavra πρός ficar subentendida. Além disso, este significado é menos forçado, e também corresponde melhor com a afirmação precedente e contém a doutrina mais completa. Ele declara ser-lhe indiferente, e é a mesma coisa, se ele vive ou morre, porque, possuindo Cristo, ele tem ambas as coisas como lucro. E, com toda certeza, é somente Cristo que nos faz felizes, quer na morte, quer na vida; de outro modo, se a morte for miserável, a vida de modo algum é mais feliz; de modo a ser difícil determinar se é mais vantajoso viver ou morrer fora de Cristo. Em contrapartida, se Cristo está conosco, e abençoar nossa vida, tanto quanto nossa morte, então ambas nos serão felizes e desejáveis”. (2010, p.392 e 393).

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