E
espero, no Senhor Jesus, que em breve vos mandarei (πέμψαι) Timóteo,
para que também eu esteja de bom ânimo, sabendo dos vossos negócios.
A este,
pois, espero enviar (πέμψαι) logo
que eu tenha visto como há de ser o meu caso;
Julguei,
contudo, necessário mandar (πέμψαι)-vos
Epafrodito, meu irmão (ἀδελφόν), e cooperador (συνεργόν), e companheiro
(συστρατιώτην) nos
combates, e vosso enviado (ἀπόστολον) para
prover às minhas necessidades;
Por
isso, vo-lo enviei (ἔπεμψα) mais
depressa, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos
tristeza.
Filipenses 2.19,23,25,28
No presente artigo,
separamos algumas palavras que expressam o serviço de Timóteo e Epafrodito,
inclusive uma delas, “apóstolo” (ὁ ἀπóστολος), a qual traz certa polêmica e até
confusão no círculo cristão porque poucos conhecerem seu sentido. Portanto,
atualmente, notamos alguns se autointitulado apóstolos e outros limitando ou,
simplesmente, desprezando o uso do termo. Todavia, é importante nos situarmos
em relação ao uso das palavras aqui destacadas para não incorremos em vãs
discussões e demonstrar, aqueles que se colocam acima dos outros, a verdadeira
função daquele que é cooperador, companheiro e apóstolo.
Comecemos com a palavra que aparece com
mais frequência entre os versículos que separamos:
Πέμπω (pempô): na versão ARC, este verbo grego é
traduzido pelo seu sentido mais básico, sem deixar a desejar. Seu significado é
mandar (não no sentido de dar uma ordem em si), enviar. Aparece na conjugação
aoristo infinitivo πέμψαι (pempsai) e no aoristo passivo ἔπεμψα (epempsa).
Ὁ ἀπόστολος (ho apóstolos): o significado do termo que é
bem simples: delegado, enviado, mensageiro, despachado. Porém, apesar de ser
simples, gira certa polêmica em torno dela. No entanto, não examinaremos
minuciosamente versículo por versículo. Abordaremos superficialmente para que
tenhamos apenas uma impressão do que tal palavra pode expressar dentro da
Bíblia. Tanto Timóteo, quanto Epafrodito, entre outros, eram apóstolos no
sentido que chamado de lato (I Ts 1.1;2.6,7; Fp 2.25), se é que havia tal
distinção entre os irmãos/apóstolos da
igreja emergente. O próprio Jesus foi enviado (aoristo de ἀποστέλλω - apostéllô)
por Deus (Jo 3.17).
Vejamos o que diz uma nota do versículo um, capítulo um,
da Carta aos Romanos na BJ:
“Este título, de origem judaica, que significa
“enviado”(...), no NT ora é aplicado aos Doze discípulos escolhidos por Cristo (...),
ora em sentido mais lato, aos missionários do Evangelho (...). Não obstante
Paulo não tenha sido incorporado ao grupo dos Doze, é apóstolo singular porque
Cristo ressuscitado o enviou aos pagãos (...) que em nada fica devendo aos
Doze...” (BJ, p. 1995).
Alguns tentam separar o sentido da palavra
apóstolo de missionário. Temos que lembrar que o termo “missionário” tem sua
origem no latim. O uso do latim impera na igreja a partir do período que
denominamos “Idade Média”. O engraçado, é que alguns grupos, que muitas vezes
falam contra o uso da Teologia na igreja, tem procurado sistematizar uma
doutrina bíblica, teologizar em torno do termo “missionário” a parte da palavra
apóstolo. Não sou contra o uso da palavra missionário. Mas, biblicamente
falando, não podemos isolar um termo do outro como tentam alguns ao afirmar que
Paulo tinha os dois dons, o de apóstolo e o de missionário.
Na nota da Bíblia de Jerusalém podemos ter uma noção da
função apostólica em seu sentido lato. A
palavra apóstolo é a melhor palavra para exprimir a nossa ideia de missões ou
apostolado.
Ὁ
συνεργός (ho synergós): cooperador, cobreiro, trabalhar com, ajudador. Timóteo e
Epafrodito são assim chamados por Paulo (Rm 16.21; Fp 2.25). Na obra do Senhor
não existe alguém que trabalhe isoladamente do outro, pelo contrário,
precisamos um do outro para que o Senhor realize sua obra em nós e através de
nós. Interessante é que no trabalho em Deus, Paulo, não considera Timóteo e
Epafrodito apenas membros, sócios ou afiliados da igreja, mas irmãos (I Ts 3.2;
Fp 2.25). O Espírito Santo revela através das palavras de Paulo, o
relacionamento que temos que ter com nossos companheiros de lutas. O amor fraternal
tem que estar presente em nossos corações ao ponto de considerar quem está ao
nosso lado um irmão.
Ὁ συστρατιώτης
(ho systratiôtês): literalmente co-soldado; porém algumas versões trazem
companheiro de lutas, companheiro de armas e alguns traduzem como companheiro
de farda. Quem entende um pouco de militarismo sabe que em combate dependemos
um do outro para sobreviver e vencer. Epafrodito estava ao lado de Paulo em uma
luta que ambos não podiam ignorar a necessidade de ajuda do outro. Paulo
precisava dos recursos trazidos por Epafrodito e este precisou do apoio do
apóstolo quando esteve enfermo. A baixa
de um soldado no campo de batalha acarreta em tristeza, sobrecarga, mais
atenção, menos tempo de descanso e, até, nos deixa mais vulneráveis, pois
ficamos sem a cobertura necessária em uma investida.
Ir. Cleiton Medeiros