quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Lição 8 - Naum - O Limite da Tolerância Divina, 25 de novembro de 2012, subsídio: Professor Érick Freire.


Esta semana estaremos estudando sobre a Tolerância Divina, mas veremos alguns pontos interessantes sobre o livro de Naum, este que era oriundo de Elcós, uma aldeia da Galileia. Este profetizou em Judah após a deportação do Reino do Norte (Reinado de Ezequias)  para a Assíria e cerca de 3 décadas antes da deportação de Judah para a Babilônia. Sua profecia girou em torno de Nínive, capital assíria, que mais de um século antes ouviu de Jonas palavras de destruição e o povo se converteu. Passados cerca de 150 anos, Deus se volta contra Nínive mais uma vez, e, desta vez, não haveria perdão, eles já conheciam o Deus soberano, já não eram alheios à Palavra. Neste sentido iremos trabalhar alguns pontos abaixo:

A Paciência e a graça de Deus.
“O SENHOR é muito paciente, mas o seu poder é imenso; o SENHOR não deixará impune o culpado. O seu caminho está no vendaval e na tempestade, e as nuvens são a poeira de seus pés” (Naum 1.3/NVI).
A graça, misericórdia, paciência e tolerância do Senhor são longânimes, mas isso não dá o direito de pecar a torto e a direita, ou seja, à vontade, pelo contrário, esses atributos Divinos só nos dão a liberdade de escolhermos servir a Deus de coração ou nos afastarmos cada vez mais dEle, ambas decisões tem suas consequências, os riscos em desobedecer a Deus são grandes, a sua longanimidade não é sinônimo de sentimentalismo infundado, nem tampouco uma paciência exageradamente tola e permissiva, pelo contrário, em sua paciência e/ou tolerância observamos a soberana justiça Divina, pois Ele, não deixará impune o culpado, tampouco tolerará o pecado cometido de forma comissiva, com dolo, com vontade própria, não! Deus jamais faria isso, sua misericórdia não nos deixa ser consumidos, mas esta misericórdia só existe até o limite do arrependimento, senão houver arrependimento não haverá misericórdia, quando pedimos perdão arrependidos de coração, Ele apaga o nosso pecado, Ele “esquece”, ou seja, torna-nos inimputáveis, isto que é uma tolerância Divina e soberana, tornar o imputável inimputável pelo arrependimento, seria o mesmo que se alguém cometesse um crime e fosse perdoado por ter se arrependido. Difícil de compreender, mas nós humanos, reles mortais não podemos compreender esta relação de perdão de dívidas, diferente do homem, Deus sabe quando alguém realmente se arrepende. Nós, cristãos, deveríamos usar esse mesmo padrão de perdão em relação ao próximo, mas numa sociedade egoísta e egocêntrica não conseguiremos aplicar essa relação, causa-efeito, pecado/arrependimento/perdão.
Em Nínive, essa graça infindável já tinha se esvaído, o povo caia em pecado outra vez, desta vez cônscios do que faziam, arrasavam a todos que viam pela frente, matavam crianças, grávidas, idosos, animais, destruíam tudo o que passava em sua frente. Nesta perspectiva o profeta diz que “Deus não tem culpado por inocente”, como falado há pouco, eles não eram mais alheios a verdade, tinham consciência de seus pecados, alimentaram a ação inversa, de inimputáveis passaram outra vez a imputáveis, e agora esta consciência e culpa produzia não mais pecados inconscientes, mas comitivos e sórdidos.
A ira e a indignação Divinas
“Quem parará diante do seu furor, e quem persistirá diante do ardor da sua ira? A sua cólera se derramou como um fogo, e as rochas foram por ele derrubadas”. (Naum 1:6 – ACRF)
A ira de Deus é bem diferente da ira humana, alguns dizem que Deus não se ira, sinto muito em informar, mas Deus se ira sim e com muito furor, quando Paulo fala “Irai-vos, mas não pequeis” (Ef 4.26), ele se refere a raiva pessoal ao próximo, e o melhor continua falando, não guarde rancor, ou seja, não se ponha o sol sobre a vossa ira. A ira de Deus não é essa, não é de ressentimento nem mágoa do próximo, pelo contrário, a ira de Deus é expressa em retaliação ao pecado repetitivo, rotineiro, consciente e reincidente.
A ira de Deus e sua indignação se conceituam como, ação diretiva de Deus contra o pecado de alguém, seja a pessoa individual, seja de uma organização (instituição, partido político, igreja e etc.) seja uma nação, no caso de Nínive, a capital de um império suntuoso que se achava invencível, semelhante a todos poderosos que se acham invencíveis atualmente, ais destes que praticam o mal e acham que ficará impune, Deus aguarda a hora para a punição destes comedores de carne humana.
A ira de Deus está e será manifestada sobre todos os corruptos que ferem a Palavra do Altíssimo, homens inescrupulosos que roubam das crianças, acham que estão sendo espertos e que não são vistos (Sl 139.8) ninguém pode se esconder do soberano Deus, Ele tem contemplado todos os que roubam os desvalidos e indefesos. Tiram a comida da boca de infantes, trucidam, matam e mandam matar. “Desgraçados” estes ao caírem na mão de um Deus irado.
A bondade de Deus
“O SENHOR é bom, ele serve de fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nele”. (Naum 1:7)
O Profeta se remete ao salmo 46, quando afirma que Deus é a fortaleza no dia da angústia, ou seja, aqueles que confiam nEle estão protegidos no seu palácio, estão municiados com armas de Deus, que não são de guerra, mas de paz. Nínive tinha uma proteção imponente, mas nenhuma proteção humana é resistente a ação de Deus, enquanto a fortaleza de Deus jamais é derribada, quem confia nele tem proteção suprema, os ardis do inimigo são interceptados e quando nos atingem é para que cresçamos na graça e no Espírito. Mas, estes não nos destroem, as fortalezas humanas são perecíveis.
A fortaleza ninivita não era igual a de Deus, as águas do rio Tigre a invadiram, derrubou suas muralhas, ficaram indefesos e como mulheres inseguras, os soldados já não tinham o mesmo ímpeto, foram chamadas pelo profeta de mulherzinhas (3.13), fracos, combalidos. A bondade de Deus de cem anos atrás teria se transformado em ira e julgamento, a bondade era só para os que confiam nEle, ou seja, Deus ouviu o clamor de Judah que sofria com as imposições da Assíria, mas isso por pouco tempo, pois três décadas depois, a ira de Deus recairia também sobre Judah.
Uma visão messiânica
“Vejam sobre os montes os pés do que anuncia boas notícias e proclama a paz! Comemore as suas festas, ó Judá, e cumpra os seus votos. Nunca mais o perverso a invadirá; ele será completamente destruído”. (Naum 1:15)
Seria este oráculo uma visão do Massiah? Ou será uma visão simplesmente do retorno de Judah após a Babilônia? Neste versículo temos um salto, pois o profeta infere oráculos de maldição a Assíria e a seu rei no verso 14, mas logo depois salta para Judah e seus montes, reino no qual Naum residia, ora todos os oráculos se referiam até agora a condenação ninivita e surpreendentemente ele modifica a rota das palavras proféticas para falar diretamente a Judah, é no mínimo curioso, mais precisamente usa a expressão boas notícias ou boas novas, comparando-se a Isaías 52:7. Boas notícias, São usadas como arautos de libertação, e do Evangelho (cf Rm 10:15) trazendo salvação de Jerusalém através da obra de nosso Senhor, seria a salvação de Judah e sua restauração com Neemias e/ou era a vinda do Mashiah?
Sobre os montes, Se cumpriu cabalmente o anúncio e a primeira parte desta profecia, pois o mashiah (messias) veio e anunciou o evangelho, não em praças, mas nos montes, não se expondo como pop star, mas tendo a humildade de alguém que gostava de estar longe dos holofotes, não fazendo merchandising, mas dizendo “Não diga a ninguém!” (Mt. 8:4) O monte parece um lugar de glória e até remete a isso psicologicamente, mas na realidade, o monte é lugar de esconderijo e de busca ao Pai (Lc 21:37), e após os anúncios de suas Palavras e seu conhecimento muitos queriam ouvir as boas novas do monte (Mt 8:1). Sem querermos forçar nada, notamos que este último versículo do capítulo primeiro, do livro do profeta Naum, se cumpre única e exclusivamente em Cristo, analisando-se de forma consciente e bibliologicamente coerente, notaremos que falta cumprir-se o resto da promessa, pois o ímpio ainda passa pela terra de Judah, inclusive a própria Jerusalém não é capital de Israel, pois dele é Tel-Aviv, ainda é invadida por povos pagãos (palestinos não conversos, nesta referência chamados de perversos ou pervertidos), indicando que esse reino eterno de Cristo ainda será instaurado materialmente, pois espiritualmente já fazemos parte de um reino espiritual sem capital física, mas com a Jerusalém celestial vista por João (Ap. 21), pois somos a Israel celestial, Igreja santa e imaculada do Senhor, e esta não é formada por seitas nem grupos fechados estritamente, mas a todos que servem a Yeshua, o Cristo de coração (1 Co 7.22), e ao Pai Yaweh em Espírito e em Verdade e com todas as tuas forças (Dt 6:5).
Alguns podem dizer que isso só se referia a destruição dos Assírios pela Babilônia, que os perversos seriam só os assírios, mas se formos a história dos babilônicos em relação a Judah, foram estes mais duros que os próprios assírios, pois eles destruíram Jerusalém juntos aos perversos edomitas (descendentes de Jacó) e falavam “Caia Jerusalém! Seja arruinada e destruída”, estes queriam a destruição de Jacó, mas ambos, babilônicos e edomitas (idumeus) foram exterminados do mapa (Na 1.15b), junto aos assírios estes somaram um grupo seleto de povos que mexeu com quem não devia, o povo escolhido.
A invasão de Nínive
“O destruidor avança contra você, Nínive! Guarde a fortaleza! Vigie a estrada! Prepare a resistência! Reúna todas as suas forças!” (Naum 2:1)
“Foi Senaqueribe quem fez de Nínive uma verdadeira cidade magnificente (c. 700 a.C.). Ele projetou novas estradas e quadras e construiu o famoso “palácio sem rival”, cujo plano tem sido quas inteiramente recuperado e tem dimensões totais de cerca de 503 metros. Ele continha pelo menos 80 salas, muitas das quais eram preenchidas de esculturas. Um largo número de tabletes cuneiformes foram encontrados no palácio. A fundação sólida foi feita de blocos de calcário e tijolos de barro; tinha 22 metros de altura. No total, as fundações eram feitas de aproximadamente 2680000 metros cúbicos de tijolos (aproximadamente 160 milhões de tijolos). As paredes no topo, feitas de tijolos de barro, eram uma altura adicional de 20 metros. Algumas da principais entradas eram ladeadas por figuras colossais de pedra em portas pesando cerca de 30000 quilos; entre elas estavam leões alados ou touros, com cabeça de homem. Esses eram transportados de pedreiras em Balatai e tinham de ser elevados 20 metros uma vez que chegavam ao local, presumivelmente por uma rampa. Existiam também 3000 metros de painéis de pedra entalhados em baixo relevo, que incluíam registros pictóricos documentando cada passo da construção, incluindo a entalhação das estátuas e o seu transporte numa barcaça. Uma figura mostra 44 homens rebocando uma estátua colossal. A escultura mostra três homens dirigindo a operação enquanto se apóiam no Colosso. Uma vez que as estátuas chegavam a sua destinação a escultura final era feita. A maior parte das estátuas pesava entre 9000 e 27000 quilos.
As esculturas em pedra nas paredes incluem cenas de batalhas, empalamentos e cenas dos homens de Senaqueribe desfilando os despojos de guerra diante dele. O rei também se vangloriou de suas conquistas: ele escreveu de Babilônia “Seus habitantes, jovens e velhos, eu não poupei, e com seus corpos eu preenchi as estradas da cidade.” Ele escreveu posteriormente sobre uma batalha em Lachish “E Ezequias de Judá, que não se submeteu ao meu jugo... Ele eu tranquei em Jerusalém, sua cidade real, como um pássaro enjaulado. Impostos na terra eu impus sobre ele, e todos vindos dos portões dessa cidade foram obrigados a pagar por seu crime. Suas cidades que eu saqueei eu cortei de sua terra”.
Nessa época a área total de Nínive compreendia cerca de 7 quilômetros, e 15 grandes portões penetravam suas muralhas, Um sistema elaborado de 18 canais traziam água das colinas a Nínive, e muitas seções de um aqueduto magnificente erigido por Senaqueribe foram descobertos em Jerwan, cerca de 65 quilômetros distante. A área cercada tinha mais de 100 mil habitantes (talvez até 150 mil), cerca de três vezes mais do que Babilônia na época, colocando-a entre os mais largos estabelecimentos pelo mundo.
A grandeza de Nínive teve duração curta. Por volta do ano 633 a.C. o Segundo império Assírio começou a mostrar sinais de fraquezas, e Nínive foi atacada pelos medas, que por volta do ano 625 a.C., aliaram-se aos caldeus e sussianos, e a atacaram novamente. Nínive caiu em 612 a.C., e foi arrasada até o chão. O povo na cidade, que não pôde escapar para as últimas fortalezas assírias no oeste, foi massacrado ou deportado. Muitos esqueletos não enterrados foram encontrados por arqueólogos no sítio. O Império Assírio então acabou, e os Medas e Babilônios dividiram suas províncias entre si.
Seguindo a derrota em 612 a.C., o local permaneceu desocupado por séculos até o período Sassânida. A cidade é mencionada novamente na Batalha de Nínive de 627 d.C., que foi um combate entre o Império Romano Oriental e o Império Persa Sassânida travado nas proximidades da cidade antiga. Desde a conquista árabe em 637 d.C. até os tempos modernos, a cidade de Mosul na margem oposta do rio Tigres se tornou a sucessora da antiga Nínive”. (WIKIPEDIA, Acesso 21/11/2012).

Os babilônicos invadiram Nínive como locusta, juntos aos Medos arrasaram a cidade altiva, invadiram-na pela fraqueza dos muros que antes tinham sido derrocados pelas águas da enchente do Rio Tigre, nada natural, pois segundo o próprio profeta, Deus disse que seriam destruídos pelas águas, interessante seria fazer um paralelo com o livro de Jonas, pois em Jonas foi pregado subversão por fogo, mas o povo foi salvo pela água, ou seja, Jonas veio com a mensagem de Deus e saiu pela água, agora por causa da desobediência e ao retorno de suas práticas desastrosas Deus os destruiria através das águas (Na 2.6) As comportas dos rios trouxe a invasão, as estradas trouxeram também (Na 2.1), por mais que o exército assírio fosse o triplo do exército babilônico e medo, não resistiriam porque quem estava por trás disso tudo era Yaweh, o Eu Sou, sua soberana justiça seria feita, a destruição de Nínive era certa, os anais da história registram esta destruição, a arqueologia encontrou ossadas empilhadas de desenterrados, de pessoas que correram para fugir pelos montes e foram exterminadas, essa foi a vingança de Jeová, quem não obedece ao Senhor tem a consequência do seu pecado, a graça de Deus tem limites, sua tolerância existe quando há arrependimento, não havendo mudança de comportamento não haverá compaixão.
A condenação foi realizada, e Deus não se arrependeria mais como fez no tempo de Jonas, os assírios foram condenados, a ferida foi aberta, exposta e não tinha remédio, pois “Não há cura para a sua chaga; a sua ferida é mortal. Quem ouve notícias a seu respeito bate palmas pela sua queda, pois, quem não sofreu a sua crueldade sem limites?” (Naum 3:19)

4 comentários:

  1. Fiquem à vontade para comentar, se houver alguma dúvida postem que quinta e sexta-feira estarei respondendo com muito prazer vossas indagações.
    Fiquem na graça e na paz!

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  2. Explanação bastante consistente, com profunda base bíblica e alto teor de erudição. Tornando o estudo prazeroso e de muito proveito para aqueles que querem ter um conhecimento maior das Sagradas Letras e o discernimento superior sobre as Escrituras Sagradas. Prof. Érick se destaca sempre com sua linguagem simples, objetiva e clara o que prende o leitor e incentiva o hábito de ler, porque, por sinal é uma ótima leitura. Levi Paiva de Macedo - poeta e radialista há 29 anos.

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  3. Obrigado grande irmão, és uma benção também, escreve belíssimas poesias, se quiser pode por seu link para os irmãos e todos os leitores acessarem!

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  4. Faltou comentário da lição 9. Seu texto é crítico diferente dos demais, ás vezes um pouco "revoltado", mas pertinente, faço leitura dos seus textos para complementar minhas pesquisas.Quando não escreves, sinto falta. Rsrsrsrs
    O senhor te abençôe, caro irmão!

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