Lição 8 - O Legado de Elias, 24 de fevereiro de 2013, Subsídio: Professor Érick Freire.

“Mas Josafá perguntou: "Será que não há aqui profeta do Senhor, para que possamos consultar o Senhor por meio dele? "Um conselheiro do rei de Israel respondeu: "Eliseu, filho de Safate, está aqui. Ele era auxiliar de Elias". (2 Reis 3:11)

O tema da lição desta semana é bem interessante, fala de legado, o legado de Elias, e é neste assunto que iremos começar no nosso texto da semana, pois quando falamos em legado remetemo-nos a uma marca deixada por alguém, mas isso é um conceito do senso comum, pois o sentido de legado seria segundo Ruth Rocha “2.Aquilo que é deixado a outrem em testamento”(p.429, 2010). E qual seria o testamento de Elias? O que poderíamos deixar como símbolo do legado de Elias? A capa, quando Elias encontra Eliseu arando a terra com dois bois ele o encobre com sua capa, isto representava a consagração do seu substituto. Não podemos esquecer que Elias estava já um tanto cansado, acabara de passar por uma prova tremenda, estava sendo perseguido pelo rei, estava em momento de introspecção. Agora Deus mandara Elias deixar seu legado, “Eliseu... ungirás profeta em teu lugar” (1 Reis 19:16).

Depois do ocorrido, “Eliseu não largava o profeta mais idoso por nenhum motivo, mesmo quando instado a isso. Sabia que estava prestes a perder sua companhia” (CHAMPLIM, 2011, p.338), isto o deixava apreensivo e nervoso (cf 2 Rs 2:5), ora, logo logo o legado de Elias o traria grande responsabilidade, ele seria o responsável pela escola de profetas, existia muito a aprender ainda.

A cada instante Eliseu não olhava para trás, seguia o seu mestre, o servia, o interessante é que, antes de Elias encontrar-se com Eliseu, ele tinha outro auxiliar, mas o deixou em Berseba (1 Rs 19:3), após a conversa com Deus e a ida ao monte ele se conduz em direção a Eliseu, este seria agora seu novo auxiliar. Eliseu acompanha Elias até o seu translado ao Céu. E isso não só ficou conhecido entre os dois – Elias e Eliseu, mas a todos, pois como na epígrafe deste artigo o conselheiro do rei afirma que Eliseu era o auxiliar de Elias, pois lavava suas mãos, ato corriqueiro feito por auxiliares dos profetas. Jesus, faz uma inversão desta prática quando lava os pés dos discípulos, ou seja, o mestre servindo aos seus “alunos”.

Outro ponto tácito a ser falado do assunto em questão é a escolha diretiva de Deus, Ele não disse “Escolha um profeta”, mas disse: “Vá a Eliseu e o unja”. Deus elegeu categoricamente alguém específico para ser o profeta substituto de Elias. Quando Deus escolhe não podemos titubear, através de sua soberania ele escolhe quem Ele quer e a partir disto devemos o obedecer para não termos efeitos colaterais oriundos de nossa falta de respeito à autoridade despotista de Deus. Sua autoridade é inquestionável, suas escolhas são perfeitas, enquanto os déspotas humanos são tiranos e injustos, os atos soberanos de Deus são coerentes e precisos!

Nos dias de hoje sofremos com a liderança da igreja porque não há um padrão de exemplo e legado deixados para o substituto, não se consulta mais a Deus para escolher aquele que continuará esta ou aquela obra, pelo contrário, há apadrinhamento, cansados ou desanimados espiritualmente escolhem por próprio interesse carnal e humano quem fará e continuará certa obra.

Um grande exemplo disto é a escolha dos pastores (dirigentes de congregação), dos líderes de juventude, dos ensinadores (mestres), e etc. As pessoas têm medo de formarem um substituto, uns até afirmam “ele irá tomar meu lugar!”, “criei uma cobra!” e etc. Se isto ocorre é porque a formação que você deu foi errada, a instrução foi equivocada, e acima disso, não pediu orientação a Deus para fazer suas escolhas. O medo de perder espaço não habita no coração de quem é realmente serviçal de Deus. Este medo é ocasionado naqueles que acham que a obra é deles e não do Pai das luzes. Oremos para que Deus oriente o coração destes líderes para formar e deixar o legado para substitutos tão bons ou até dobradamente melhores que o testamentário deixou.

A formação de líderes

A formação de líderes é um dos grandes problemas hodiernos, liderança que lidera e não sabe formar outros líderes que o substituam é uma liderança que não deixa legado. Vemos muito líderes de igrejas hoje que chegam com equipes formadas, passam um, dois, três anos em uma congregação, quando saem fica o vácuo, as variadas facetas da igreja ficam enclausuradas pela escuridão e falta de norteamento, ficam como ovelhas sem pastor, como Micaías profetiza para Acabe (1 Rs 22:17), um verdadeiro líder não é aquele que tem súditos, mas o que possui discípulos discipuladores.

O problema de muitos líderes é que gostam de abafar os discípulos que possuem potencial para liderar, “O líder não precisa excluir os liderados com potencial de liderança ou com habilidades extraordinárias em determinada tarefa. O importante é extrair o máximo de potencial desta equipe e delegar funções e tarefas aos seus seguidores. Todavia existem líderes que descartam os líderes fortes, esquecendo-se que a boa liderança é constatada quando se tem a capacidade de perceber homens competentes que façam o que se quer que faça, e quando o líder tem autodomínio para não se intrometer no trabalho desses homens” (ROCHA, 2012, p. 5).

Elias, como grande homem de Deus, obedeceu e guiou Eliseu, ainda mais, além de guiar Eliseu, não se incomodou quando Eliseu pede porção dobrada (2 Rs 2: 9,10). Se fosse aos dias de hoje muitos pensariam “Que camarada altivo, este aí quer ser melhor do que eu!” Mas, Elias como um homem a quem Deus usava o dispõe deste favor desde que Eliseu o veja ascender aos Céus! Glória a Deus!

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Referências

CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopedia de Bíblia, Teologia & Filosofia, volume 2. São Paulo: Editora Hagnos, 10a. ed, 2011.

GONÇALVES, José. Porção Dobrada. Rio de Janeiro, CPAD, 2012.

HALLEY, Henry Hampton. Manual Bíblico de Halley: Nova Versão Internacional. São Paulo: Editora Vida Acadêmica, 2002.

NVI.Bíblia: Nova Versão Internacional. São Paulo, SP: Vida.

COLEMAN, William. Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos. Venda Nova, MG: Editora Betânia, 1991.