Lição 9 - Laodiceia, uma Igreja Morna - 27 de maio de 2012, subsídio: Professor Érick Freire

Ao anjo da igreja em Laodicéia escreva: Estas são as palavras do Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o soberano da criação de Deus. Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, nem frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca. Você diz: Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego e que está nu. Dou-lhe este aconselho: Compre de mim ouro refinado no fogo e você se tornará rico; compre roupas brancas e vista-se para cobrir a sua vergonhosa nudez; e compre colírio para ungir os seus olhos e poder enxergar. Repreendo e disciplino aqueles que eu amo. Por isso, seja diligente e arrependa-se. Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo. Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono. Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. (Apocalipse 3:14-22)

O texto dessa semana tem uma série de informações contextuais muito interessantes, diferente das semanas anteriores, irei falar sobre o contexto geral de Laodiceia, história, formação, economia e fatos curiosos, para depois transcorrer sobre o texto bíblico de Apocalipse 3. Mas, por que assim? Simplesmente porque muito destes dados e/ou fatos aclararão o que comentaremos no texto. A esta cidade mais conhecida como Laodiceia de Lico.

Laodiceia, antes de possuir este nome, tivera sido chamada Diospolis e Rhoas, sendo antes, durante e após a inscrição do livro de Apocalipse uma das cidades mais prósperas da Ásia, como também uma das cidades mais ricas da Frígia no tempo do império romano, hoje ela se localiza em uma porção da terra turca. A riqueza da cidade à época bíblica se dava pelo alto desenvolvimento econômico e social através da indústria têxtil, bancos e uma reconhecida escola de Medicina que produzia o melhor colírio do império romano.

O sistema hídrico de Laodiceia era o seu grande problema, pois não existia água potável na cidade e isto trazia muitas dificuldades que, fora resolvido com o desenvolvimento de uma rede hídrica muito moderna, ao construir uma grande adutora que veiculava a água de Hierápolis (cidade fundada por Eumenes II, irmão de Átilo II – fundador de Filadelfia), esta água era quente quando saía de Hierápolis, pois era retirada de fontes termais, mas ao chegar à cidade de Laodiceia estava morna.

O nome Laodiceia vem de Laodice (esposa de Antíoco II), alguns dizem que esse nome significa “juízo” ou “costume”. Esta cidade não foi a única que na época recebeu esse nome, mas outras cinco cidades também receberam, período do império grego e sua expansão helenista, por isso, esta era a Laodice Licum, ou Laodiceia de Lico. A igreja da época provavelmente já fora criada 32 anos antes da carta do apocalipse, presidida por Epafras (Cl 4.12), lendo o verso seguinte (13) notamos que a igreja de lá já começava a sofrer por conta de sua riqueza e que o apóstolo Paulo indica para Epafras permanecer firme, irrepreensível e abalizado na vontade de Deus.

Vamos ao texto: “Ao anjo da igreja”, como sempre mais uma vez a sétima e última carta não poderia ser diferente das outras seis anteriores, ela foi endereçada ao líder da igreja que, não sabemos quem era, alguns afirmam que era ainda o próprio Epafras, é possível temporalmente, mas se assim o fora a idade de Epafras já era bem avançada, pois da última citação do seu nome até a inscrição sob o punho de João já se tinham ido 32 anos, sabemos que isso é possível, mas não podemos dizer que é verdadeiro. Trabalhando nessa óptica poderíamos analisar que o trabalho deste ‘anjo’ da igreja teria esfriado não ao ponto frio, mas morno, se não fora ele, foi um de seus sucessores que pegou essa ‘doença’ espiritual.

O ‘Amém’, ou seja, aquele que confirma a boa obra e aquele que vê todas as coisas é bem verdade que a palavra para amém é originalmente hebraica e que nunca fora traduzida, mas assumida no grego e logo depois no latim, consequentemente no português, similarmente a ‘aleluia’, na originalidade, a palavra amém veterotestamentária tinha o sentido de cuidar e/ou edificar. Nos nossos dias e no texto em questão o sentido da palavra amém é de confirmação de algo e/ou afirmação. E nesse sentido o Senhor diz que é aquele que confirma a obra da criação, que estava lá no princípio de tudo, Ele era a testemunha fiel (Jo 1.1) o verbo que se fez carne, como ele mesmo afirmou que era anterior a Abraão (Jo 8.58). Ele como o Pai é soberano sobre todas as coisas, pois tem todo o poder na terra como também no céu (Mt 28.18).

“Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente”. Essa é a mais pesada observação que o Senhor faz as igrejas, porque Laodiceia, semelhante ao seu sistema hídrico, não era quente nem frio, o pior, lá não se havia nenhum elogio, nem ao pastor, tampouco à igreja, todos se achavam quentes, mas eram na realidade mornos, todos se achavam suficientemente completos, mas na realidade eram sepulcros cheios de rapina por dentro, além de serem semelhantes aos saduceus que só pensavam em dinheiro e poder.

Que povo era esse? Isso era povo de Deus? Não. Eram servidores dos seus próprios interesses, engordados pela gordura materialista, pela falsa impressão de quentura espiritual, da falsa impressão de amor latente, da falsa menção de fervorosos, não esperavam mais de Deus, mas como o seu líder, esperavam em suas próprias posses. Aí eu o pergunto, querido irmão (aluno ou professor da Escola Dominical) será que isso é uma realidade hodierna? É uma realidade de nossas igrejas hoje? Será que somos cristãos frios, quentes, ou o pior de todos, o morno? Por que o pior de todos? Porque simplesmente o frio, sabendo ser frio busca a presença de Deus para aquecê-lo e o quente já está sempre aos pés do Senhor. Lembro-me da história de uma brincadeira infantil chamada de quente e frio, era mais ou menos assim: Alguém pega um objeto (exemplo um chocolate) e esconde em uma região da casa, daí manda 3 ou 4 crianças procurarem o objeto, quanto mais perto a criança chega o mediador da brincadeira que escondeu o objeto grita “Tá quente!”, quanto mais longe do local do esconderijo o mediador grita “Tá frio, gelado!” e assim aquele que tá frio muda totalmente de direção, procurando ficar quente, enquanto que o quente avança mais em sua direção até achar o objeto, todos dois tem mudança de atitude, alguns dos mediadores dessa brincadeira gosta de por a palavra “morno” e essa é a mais complicada, Por quê? Porque simplesmente o que está morno fica perdido, por não saber se está mais perto do que longe do seu objeto desejado. Do mesmo modo era a igreja de Laodiceia, estava perdida em sua própria crendice de ser forte e presunçosa, mas na realidade estava submergida ao ponto de quase está sendo vomitada (cuspida) da boca do Senhor. Eles estavam em plena apatia espiritual, se é que podemos dizer que é plena.

Sabemos também que quando alguém está enjoado e não consegue vomitar, geralmente orientam a por algo morno na boca, comumente água morna, algo que é morno tem o mesmo aspecto do cheiro de ovo podre. É enjoativo e nauseante, é totalmente intragável e indigerível. As papilas gustativas da língua repudiam tal aspecto de mornidão, não geram ao cérebro boas informações, e isso começa a produzir repulsa digestiva, uma expulsão do que está tentando ser engolido, movimentos peristálticos ao revés, chega-se ao vômito. Laodiceia estava em situação semelhante, seu aspecto presunçoso era enjoativo, o Senhor não engolia aquilo, iria vomitá-los. O Senhor Jesus tem repulsa aos presunçosos, diga-se de passagem muitos fariseus e saduceus estavam nesta lista quando Ele estava em seu ministério aqui na Terra, agora esse “nojo” era no meio de seus próprios discípulos, não os apóstolos, mas aqueles que distorceram a mensagem do evangelho de Cristo. Hoje temos uma infinidade de igrejas assim, uma infinidade de líderes vomitáveis, presunçosos e com falsa aparência de “quente”, acham que ser usado em dons é o suficiente para serem quentes, mas na realidade não passam de mornos intragáveis e asquerosos. Esqueceram-se do Fruto do Espírito, esqueceram-se do amor Ágape, amor sem interesse e doador.

“Você diz: Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego e que está nu” (v.17). Imaginem só a profundidade do que o Senhor disse deste pastor, imagine um pastor muito rico, multimilionário que se acha acima da carne seca. Que grita para todos verem em uma rede de TV “Duvido que alguém ache erro no que falo!”, só faltam imitar Carlos Massa, o Ratinho “Aqui tem café no bule!” O senhor Jesus nos ensina a termos uma atitude humilde, contrária a presunção, o dinheiro e o poder não nos faz diferente de ninguém, pelo contrário, só demonstra que devemos ajudar a quem necessita, isso é inversamente proporcional ao que se faz por aí hoje, como assim? Simplesmente, os grandes tele-evangelistas e tele-pregadores se utilizam dos meios de comunicação de massa para se auto-promoverem, para se posicionarem como “SUPER-CRENTES”, inatingíveis, intocáveis, irrepreensíveis, varões perfeitos! Isso é falacioso e presunçoso, quanto mais se acha completo, mais vazio e oco somos. Essa era a situação em Laodiceia, começava por seu líder, respingava na membresia da igreja. Como diz a música, “com o dinheiro se compra a fama, mas não compra a salvação!” Pode alguém parecer inatingível, mas na realidade, não passa de alguém pobre, cego e nu.

Se analisarmos estas três características primeiro, pobre: Quem gosta de ser chamado de pobre? Ninguém, mas na Bíblia ensina que devemos ser pobres de espírito, ou seja, humilde que não sabe se defender, mas a pobreza que Cristo fala a Laodiceia é outra, é a pobreza de alma e não de espírito, é a pessoa que não tem nenhum sentimento ‘psique’ de compaixão e de entrega, estes não conseguem enxergar o amor ágape, ser pobre, no sentido de Ap 3.17, é ser egoísta, egocêntrico, excêntrico e egotista. Egoísta porque o mundo deve fazer suas vontades, egocêntrico porque todos tem de girar em torno dele, excêntrico porque se acha auto-suficiente e egotista porque se acha um pequeno deus. Você pode até achar exagero, mas não é! Isso é uma realidade.

Para falar de cego devemos nos remeter até o verso 18, quando o Senhor fala em comprar colírio, que é um trocadilho por causa da escola de medicina laodicense, pois como fora dito, possuía um famoso colírio badalado em toda região, mas o colírio para a cegueira espiritual jamais poderia ser produzido por esta escola, este só o Senhor Jesus tem e se chama repreensão e disciplina “Porque repreendo e disciplino a quem amo!”

Nu, poderemos falar usando o verso 18, quando o Senhor fala “Compre ouro refinado no fogo”, ou seja, vocês precisam passar por uma prova, luta e/ou perseguição para entender que a minha riqueza não é terrena, não ajuntem tesouro na terra, mas no Céu (Mt. 6.19,20), esse tesouro que Laodiceia tinha era um tesouro que a traça consumia, mas o tesouro dado por Deus, esse nunca iremos ver perecer. Eles eram nus, eram complacentes ao pecado da avareza, a arrogância, a altivez, elação, orgulho, andavam de sapato alto (22cm), se sentiam superiores aos outros e quem sabe as outras igrejas. Que vergonha! Enquanto o Senhor nos ensina a sermos humildes, enquanto João diz “Importa que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3.30), alguns por aí dizem: “Importa que eu apareça na TV e Jesus vai aparecer também!”, acham que o evangelho deve ser pregado de todo jeito, o “camarada” todo torto se acha maior do que todos os outros terrestres.

“Eu repreendo e disciplino aquele que amo” (V.19). Esta é a esperança para todos os que erram, um erro que devemos corrigir, que é cometido corriqueiramente dentro de nossas congregações é o ato de empurrarem Laodiceia no inferno. Como se Jesus já estivesse condenado esta igreja, erro dos que ensinam e pregam assim, o Senhor estava dando uma chance, pois “eis que estou a porta e bato” estava Ele, esperando uma decisão de arrependimento de Laodiceia, os laodicenses tinham a oportunidade de metanoia (arrependimento), mudança de atitude, mudança de mente. Só assim não seriam cuspidos, vomitados. Aqueles que se arrependessem teriam a mais bela oportunidade de Jesus retornar a sua casa interior e cear com ele. Alimentar-se-iam da Palavra verdadeira outra vez.

E por fim, fariam o que Satanás queria e não pode, mas não por presunção como o Diabo, mas por oportunidade dada pelo Senhor, sentarão no trono com o Senhor Jesus! Amém!

Lançamento editora Perse:

RESTAURAÇÃO ESPIRITUAL

O Exemplo de Neemias

Adquira já o primeiro livro do Professor Érick Freire.

Dividido em até 12x nos cartões Master, Visa e Hiper.

Clique Aqui e adquira já!

E ajude nossa página a continuar no ar!