A REVELAÇÃO
Falar do Apocalipse de João, o apóstolo, faz-nos lembrar na realidade das revelações pretéritas, hodiernas e futuristas da igreja do Senhor, e isso dá um “nó” na nossa mente limitadamente humana, o autor, João, parece exacerbar em um hermetismo cabalístico, mas na realidade em nada João quis ser esotérico e/ou místico, mas que pelo contexto histórico e cultural da igreja, naquela época, forçou-o a usar uma linguagem figurada, como também a utilização de símbolos quase que “indecifráveis”, pois a perseguição ferrenha de Domiciano produzia um sentimento de medo incomensurável, medo não da morte em si, mas da não chegada das informações contidas naquela carta, isso nos faz lembrar o período da ditadura militar no Brasil, onde os pensadores e questionadores de um sistema político “dizimador” da democracia e da liberdade de expressão que, até hoje persiste no meio milico, era indagado e posto em xeque, estes que indagavam eram exilados, expulsos e até mortos, os seus textos, suas cartas, músicas, livros e artigos eram incinerados. O poder assolador de um sistema mais dado e comprometido com os ideais malévolos do Diabo, como o próprio João afirma “Eu sei que vocês moram aí onde está o trono de Satanás”. (Ap. 2.13) Do que com a fidelidade da fé para com Deus.
Remeto-me também nostalgicamente a quando trabalhava no ramo fotográfico, lembro-me quando em aquele quarto escuro, chamado de câmara escura, trabalhava em um laboratório manual na revelação de fotos para documentos, a famosa 3 X 4. O processo era bem interessante, recebia o negativo e, levava-o àquela câmara, o punha em um pequeno depósito que tinha uma abertura para ser incidida a luz que transpassava o negativo e formava a imagem no papel fotográfico planificado sobre uma mesa preta. O papel só poderia receber poucos centésimos de segundo de luz para que a foto não “queimasse” era muito interessante. Depois disso, pegava aquele papel inseria-o em um envelope lacrado preto, e prosseguia para outra sala, dentro da sala havia uma pequena “gaiola” inox que, mais parecia um escorredor, com muito cuidado, pegando somente nas pontas do papel, colocava aquela(s) folha(s) entre as grades e o lançava dentro de pequenos depósitos que estavam cheios de produtos químicos, o primeiro depósito era o do revelador (responsável pra agir quimicamente no papel e produzir a imagem), o segundo era o branqueador (responsável para retirar o excesso do revelador e as imperfeições que por acaso houvesse naquelas fotos), o terceiro estava cheio de estabilizador (responsável pela limpeza e lavagem das fotos), após 3 a 5 minutos saía da sala com aquele papel já com a revelação de imagens fotográficas, para mim, a minha obra de arte. Mesmo tendo passado o estabilizador, eu com muito cuidado lavava aquelas fotos em água corrente, enxugava-as com muito carinho e cortava cada fotografia 3X4 daqueles clientes. Era revelador, mas era uma revelação de um passado não remoto, quase uma revelação do presente. Logo depois as fotos eram postas em suas “carteirinhas” e ia para o balcão aguardar seus donos, alguns pegavam suas fotografias no mesmo dia, outros no outro dia. Também tinha aqueles que demoravam muito tempo para ir buscar e alguns que nem sequer apareciam mais para, pelo menos, ver a revelação de seu rosto em uma 3X4.
Eram revelações pura e simplesmente pretéritas, simples imagens fotográficas, mas no Apocalipse é bem diferente, a revelação de Cristo não é produto de uma ação física ou química humanística e/ou material, mas pura, simples, transcendente e espiritual. O cordeiro que tira o pecado do mundo revelou a João através de seu anjo muitas coisas, mostrando que o Deus da Bíblia termina seu livro como começou, Ele falando (AZEVEDO, 2011).
Por isso, a leitura de o livro das revelações pode consistir em uma saga inerrante de aventura interpretativa no colhimento de idéias através da simbologia apocalíptica e nas suas nuanças históricas, já que “se o texto fosse interceptado pela polícia política da época, o destinatário poderia ser preso, deportado, confiscado” (AZEVEDO, 2011). Por isso, uma linguagem tão simbológica e aparentemente mítica é utilizada. Com certeza para quem quer que intercepte aquela carta jamais entenderia que ali, logo inicialmente, compara o imperador romano a Satanás, e que condena as práticas pagãs cometidas em todos os centros metropolitanos como também em aldeias dominadas pelo império.
Revelação, segundo Severino Pedro 2011, é herdada originalmente do latim revelare, usado na tradução da palavra “gãlô” do hebraico e mais exatamente ligado ao termo grego apokalypto que na septuaginta traduz a palavra hebraica já citada. Segundo outros etimólogos a palavra apocalipse e/ou revelação significa descobrir o encoberto, deixar aparecer, revelar, tirar o que estava escuro e mostrar claramente. É uma relação bem interessante que se assemelha materializadamente, com a revelação de fotografias como dantes falei.
Tão revelador que em seu capítulo 1.2, “João contou tudo o que viu” (NTLH), seu interesse era anunciar o mais rápido possível às igrejas tudo o que ocorrera, ocorre e ocorrerá durante a caminhada na igreja na terra, não que Jesus tenha formado uma “igreja” na terra, mas as bases desta foram deixadas para o consolador, o Espírito Santo deveria construi-la, fazê-la através de nós igreja do Senhor, (At 2), e esse processo começa por volta do ano de 28 d.C. (Mas, a perseguição à igreja do Senhor já existia desde esse início).
Nesse primeiro momento da igreja eles não sentiam como se estivessem, ou pertencessem a um novo ramo religioso, pelo contrário, consideravam-se autênticos judeus que haviam recebido e visto cumprir a promessa do meshiac, ou o messias. Não queriam dividir a casa judaica, pelo contrário, queriam uni-los pela promessa cumprida por Deus, agora eles estavam no período messiânico. Por isso, segundo lemos em Atos a primeira pregação não foi com a idéia de se assumir uma nova religião, mas de acreditarem na promessa feita há muito tempo atrás aos seus antepassados, e que deixassem a incredulidade, porque o Prometido de Israel esteve na terra deixando sua mensagem divina morrendo e ressuscitando dentre os mortos.
Mas, para os judeus não cristãos o cristianismo não era uma nova religião, mas uma seita herética oriunda do próprio judaísmo. Por isso, em princípio os seguidores de Jesus não ofereciam qualquer perigo ao judaísmo, até que começaram a espalhar o evangelho pregado por Jesus entre os outros judeus, “perturbando” e “tentando” os bons judeus da época. Foi aí que o cristianismo passa a ser uma grave ameaça. Inicialmente a perseguição judaica aos cristãos não era tão potente, pois as autoridades romanas, muitas vezes intervêm e coloca o problema como doutrina interna da religião, obrigando-os a resolver estes problemas internamente, pois para eles eram todos judeus.
A divisão entre judaísmo e cristianismo só passou a ter destaque quando os judeus organizam uma insurreição liderada pelos fariseus, quando os cristãos que já tinham muitos gentios em seu meio, colocaram-se alheios a tal movimento, mostrando que eles não faziam parte deste tipo de organização “emancipatória”. Sabe-se que esse movimento judaico cresceu e foi destruído no ano 70 d.C. Quando os romanos invadem, destroem o templo de Jerusalém, após alguns dias do sitiamento desta capital. Foi aí que Roma começou a tratar o cristianismo como uma religião a parte do judaísmo. Também notaram que o cristianismo se expandia de forma notadamente destacada com a pregação de um evangelho de igualdade entre os homens.
A perseguição começa
Nero, o louco, como era conhecido foi um imperador notadamente bem visto pela população nos seus primeiros anos de reinado, ou seja, 54 d.C a 60 d.C. provavelmente, pois suas primeiras leis beneficiavam os pobres e a maioria da população que estava sob a tutela do imperador romano, mas isso não duraria muito, em um ato de loucura, como tudo leva a crer, ele maquina incendiar a cidade, sob a égide de reconstrução da cidade a seu gosto, como acusavam alguns. Ao passo do tempo, a população começou a se revoltar, queriam saber realmente quem era o culpado de tanta destruição, queriam justiça.
Durante o incêndio, Nero estava tocando lira, e segundo alguns historiadores cantava sobre a destruição de Troia, mostrando sua sórdida personalidade, um forte desejo maligno de auto-suficiência. Muitos desconfiaram dele, até porque aqueles que se opunham a sua forma de governar eram mortos misteriosamente, ou então recebiam ordem de se suicidarem. Mas, desta vez ele passou dos limites e ficou acuado, não sabia o que fazer, então em uma idéia súbita e após notar que dois dos bairros que não foram incendiados eram compostos basicamente por cristãos (em sua maioria) e judeus. Não pensou duas vezes e noticiou que os culpados do grande incêndio seriam os cristãos, como Tácito, o historiador afirma “Nero fez aparecer como culpados os cristãos, uma gente odiada por todos por suas abominações, e os castigou com mui refinada crueldade”. E essa perseguição durou até o fim do império de Nero no ano de 68 d.C.
Após Nero tivemos alguns imperadores que não empreenderam grandes perseguições aos cristãos, foram eles: Galba (68-69), Oto (69), Vitélio (69), Vespasiano (69-79), Tito (79-81). Após estes apareceu o imperador chamado por João de Satanás, era ele, Domiciano (81-96) com o retorno a uma implacável perseguição que duraria ainda com os próximos imperadores: Nerva (96-98), Trajano (98-117) e Adriano (117-138).
Foi durante o império de Domiciano que João, como apóstolo de Jesus é exilado a Patmos, como um preso político, já idoso e o último entre os apóstolos que ainda estava vivo, o apóstolo das palavras de amor de alto conhecimento teológico passa a escrever o livros das revelações, orientando, exortando, mostrando e profetizando sobre os acontecimentos vindouros, as perseguições, as heresias que queriam entrar de forma sorrateira nas igrejas, e todo o porvir revelado diretamente pelo nosso Senhor.
Apocalipse é e sempre será, enquanto estivermos aqui na terra, um livro controverso, muitos tentam interpretá-lo comparando-o a eventos já ocorridos, outros tentam decifrá-lo a possíveis eventos futuros, outros acham que tudo foi cumprido nos primeiros séculos, mas que na realidade sabemos que ele tem muito a nos ensinar!
Se houver alguma dúvida podem perguntar, estarei pronto a servi-los!
ResponderExcluirFiquem na graça e na paz!!!
Érick gostei da comparação em relação aos tempos do laboratório fotográfico!!! Voltei no tempo.KKKKKKKKKKKKKKKKK
ResponderExcluirMás realmente ; uma boa comparação do livro das revelações.
ResponderExcluirA paz do Senhor Professor Érick,
ResponderExcluirDurante as quatro décads passadas, houve uma carência de ensino sobre profecia, tanto em nossas igrejas quanto em seminários, congressos etc.Aceitar a Bíblia como literal era ridículo, e pastores, estudantes e obreiros foram levados a crer que profecia era algo confuso e de difícil compreenção.Sob alegação de que o livro do Apocalipse é um assunto controvertido,criou-se o óbvio do "ninguém pode ensinar o que não conhece". Não familiarizados, e até por falta de humildade, Pastores não reconhecem que por muito tempo não pregam fim dos tempos e se defendem afirmando o livro ser controverso.Entender o livro de Apocalipse isoladamente é pura perda de tempo e dá margem as desculpas de "polêmico".
A escola em Alexandria começou a interpretar a Bíblia no sentido alegórico ou não literal.Agostinho foi outro.A bagunça começou nessa época.Curioso é se dirigir a uma igreja Presbiteriana e os mesmos assumirem publicamente que acreditam a igreja estar presente na terra durante a tribulação, Metodistas assumem o seu pocisionamento, enquanto nós Assembleianos assumimos timidamente o dispensacionalismo.As quatro últimas lições da revista nos mostra o pré-tribulacionismo porém é necessário pregar a diferença entre israel e igreja para entender p plano profético. Apocalipse não representa toda a profecia e sim o desfecho final da revelação.Zacarias, Daniel, Joel, Gênesis, Matheus, tantos livros para certificar referências proféticas e se verificar os seus cumprimentos.
Os 28% de profecias na Bíblia não podem ser justificados como "não sou fã", "é polêmico","contrditório","a igreja não vai estart para que então estudá-lo" e tantas outras desculpas - Ap 1.1:Paredce que Ele queria que aprendêssemos.
A PAZ.
A paz do Senhor Professor Érick,
ResponderExcluirDurante as quatro décads passadas, houve uma carência de ensino sobre profecia, tanto em nossas igrejas quanto em seminários, congressos etc.Aceitar a Bíblia como literal era ridículo, e pastores, estudantes e obreiros foram levados a crer que profecia era algo confuso e de difícil compreenção.Sob alegação de que o livro do Apocalipse é um assunto controvertido,criou-se o óbvio do "ninguém pode ensinar o que não conhece". Não familiarizados, e até por falta de humildade, Pastores não reconhecem que por muito tempo não pregam fim dos tempos e se defendem afirmando o livro ser controverso.Entender o livro de Apocalipse isoladamente é pura perda de tempo e dá margem as desculpas de "polêmico".
A escola em Alexandria começou a interpretar a Bíblia no sentido alegórico ou não literal.Agostinho foi outro.A bagunça começou nessa época.Curioso é se dirigir a uma igreja Presbiteriana e os mesmos assumirem publicamente que acreditam a igreja estar presente na terra durante a tribulação, Metodistas assumem o seu pocisionamento, enquanto nós Assembleianos assumimos timidamente o dispensacionalismo.As quatro últimas lições da revista nos mostra o pré-tribulacionismo porém é necessário pregar a diferença entre israel e igreja para entender p plano profético. Apocalipse não representa toda a profecia e sim o desfecho final da revelação.Zacarias, Daniel, Joel, Gênesis, Matheus, tantos livros para certificar referências proféticas e se verificar os seus cumprimentos.
Os 28% de profecias na Bíblia não podem ser justificados como "não sou fã", "é polêmico","contrditório","a igreja não vai estart para que então estudá-lo" e tantas outras desculpas - Ap 1.1:Paredce que Ele queria que aprendêssemos.
A PAZ.