A
Apostasia
Em
primeiro lugar, devemos entender o que realmente é apostasia. Andando pelas
páginas veterotestamentárias não iremos encontrar o termo apostasia de forma
literal, o que veremos são características de aphistemi, ou seja, partir, desertar, separar. No caso em questão
desertar-se da fé, aphistemi seria o
verbo grego correspondente a ação de apostatar, isto é, apostasia substantivo que é mais comumente conhecido e verberado,
seria uma forma feminina que significa igualmente deserção da verdade, no caso
em questão, as verdades da fé. A sua forma neutra apostasion, refere-se até a certidão de divórcio, ou seja,
separação definitiva.
Como
já dito, o termo apostasia não
aparece no texto hebraico, mas na versão grega do Antigo Testamento, chamada de
septuaginta, os textos
de 2 Cr 29.19 e Jr 29.32, tiveram a inserção do termo apostasia no lugar da palavra hebraica ma’al (2 Cr 29.19) que na versão da Almeida Revista e Corrigida
(ARC) está escrito transgressão, é na realidade equivalente e mais parecido com
traição, pecado que foi comissionado por Acaz ao pôr ídolos no templo do
SENHOR. Na referência de Jeremias encontramos a expressão Sarah em hebraico que se relaciona mais diretamente como apostasia,
configurado em português como rebelião, mesma palavra utilizada na ARC.
No
texto Base de 1 Rs 16.26-34 não teremos nenhum termo relacionado a apostasia,
no entanto, a ideia de abandono de fé é manifesta, pois Acabe se engraça com o
culto a Baal e passa a perseguir os profetas verdadeiros de Deus, se
apropriando dos profetas baalins, deixando Yahweh irritado. O culto baalin foi
edificado em Samaria fazendo o agrado de sua esposa pagã e anti-Deus, pondo os mensageiros
de baal acima dos profetas do verdadeiro Deus, uma afronta descabida e negação
a fé professa judaica.
Um
ponto importante que devemos focar é que Acabe não era um rei estrangeiro, mas
um rei hebreu que deixou de seguir ao Deus verdadeiro para seguir um deus pagão
bestializante e inexistente. Elias foi vítima dessa deserção acabiana, o
profeta de Deus não poderia profetizar na própria terra que Yahweh tinha dado
ao povo hebreu. Houve uma inversão, ao invés de a prática do culto verdadeiro
ser comum, na realidade passou a ser mal visto, caracterizando a verdadeira
apostasia no reino de Israel, apostasia em massa, pois a idolatria foi
regulamentada e institucionalizada (1 Rs 16.32)
Mas,
a apostasia do povo não foi completa, pois se afirmarmos assim estaremos sendo
no mínimo injustos e desonestos, pois haviam mais de 7 mil remanescentes (1 Rs
20:15). Alguns ficaram, mesmo em silêncio adorando a Deus, outros ficaram,
junto ao rei, coxeando entre dois pensamentos (1 Rs 18:21) e outros adoravam só
a Baal, deserdaram de vez, caíram nas graças da rainha Jezabel e do culto
baalin.
Agora.
O que diremos nos dias de hoje sobre apostasia? Ela existe? É factual? Qual a
diferença entre apostasia e heresia?
A
apostasia aponta para o abandono deliberado da fé, é o deixar a apologia
(defesa da verdade da fé) e ir para a descrença na fé e falar contra esta. O
verdadeiro apóstata é sujeito a excomunhão, ou seja, aquele que peca
deliberadamente e não quer correção, está apostatando da fé, podemos então
considerá-lo como pecador, pagão e corrompido (Mt 18.15-17). Ao aliviar um
pouco o sentido literal da palavra, pode-se usá-la casualmente para pessoas que
deixam certo seguimento religioso, mas em parte continua crendo em algumas
doutrinas que outrora aprendera na antiga fé professada, por exemplo, alguém
sai de uma igreja cristã, diz que crer em parte na Bíblia, mas não crê na
ressurreição de Cristo.
Para
encontrar literalmente o termo apostasia na
Bíblia é difícil, pois só incorre duas vezes, ambas nos escritos
neotestamentários de At 21:21 e 2Ts 2:3. Significando em ambos a rebelião e a
falta de compromisso sério com Deus e com Cristo, fazendo-os opositores à
antiga fé. No texto de 2 Tessalonicenses junto com algumas interpretações do
livro das Revelações (Apocalipse) e outros escritos neotestamentários, nos
deixam pistas de uma grande apostasia
antes da segunda vinda de Cristo (parousia),
muitos, de acordo com alguns eruditos, abandonarão literalmente a fé e seguirão
os conselhos do anticristo ou estarão alucinados com suas ideias (cf Mt 24:4,5;
10:13; Mc 13:5; Lc 21:8 e 1Tm 4:1).
Há
uma diferença entre o apóstata e o herege, pois os hereges devem ser suportados
(Tito 3:10) através do ensino, mas evitados porque em si estão condenados. Ou
seja, não devemos discutir (inflamar, brigar, xingar) com o herege se ele não
quer ser ensinado, como também nem da-los atenção, mas no máximo só isso, pois
não somos orientados a excluí-lo e/ou excomungá-lo, em contrapartida o apóstata
vivem em uma irreversibilidade prática (2 Pe 2.21 e 22 e Jd 11-15), ou seja,
enquanto estiverem na prática da apostasia sua salvação é nula, mas quando se
arrependem são dignos de restauração.
Ao
invés de apóstatas devemos formar apologistas da fé. O grande numero de
ensinamentos errados tem formado inúmeros apóstatas que carregam outros com sua
negação de fé, muitos até se tornando ateístas ou agnósticos, outros fazendo
adesão de cultos pagãos afros, cultos aos espíritos caboclos, às forças da
natureza. Com isso, precisamos de defensores da fé que, racionalmente, traga argumentos
plausíveis contra estes destruidores de dogmas bíblicos que são exclusivamente
irrepreensíveis, e estes argumentos estão na Palavra, na história, na ciência e
em muitas outras fontes que comprovam a veracidade da Bíblia e do Deus dela, YAHWEH.
Professor Érick Freire
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Professor Érick Freire
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Referências
HALLEY, Henry Hampton. Manual Bíblico de Halley: Nova Versão Internacional. São Paulo: Editora Vida Acadêmica, 2002.
CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopedia de Bíblia, Teologia & Filosofia, volume 1. São Paulo: Editora Hagnos, 10a. ed, 2011.
NVI. Bíblia: Nova Versão Internacional. São Paulo, SP: Vida, 2000.
ARC. Bíblia de estudo Palavras Chave. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2011.
ARC. Bíblia de estudo Palavras Chave. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2011.
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. 4ª Rio de Janeiro, Rj: Cpad, 2000.
Fiquem à vontade para comentar!!!
ResponderExcluirA Graça e a paz, Érick!
ResponderExcluirPostei uma pequena exege de algumas palavras que se encontram em I Rs 18.17,18,21, onde Elias afirma que Acabe e sua família abandonaram os mandamentos do Senhor.
Notei e já fiz algumas edições!!!
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