O jugo desigual!
A célula mater da estrutura social humana foi constituída por Deus, e esta é o casamento, no princípio da raça humana Deus criou o homem como um ser solitário, individual e incompleto, por isso, ao notar e já saber por sua pré-ciência que o homem precisaria de alguém para compartilhar de sua vida Deus criou uma mulher chamada Eva e este casamento foi instituído e consagrado por Deus, mas desde esta instituição esta junção de duas pessoas tem sido deturpada ao longo dos milênios, apesar de que em geral, quando é formado como Deus ensinou funciona corretamente bem.
O casamento é uma extensão do amor, alguns como Neemias, decidem não casar, pois dedicam-se a algo com toda vida devocional, nesse caso Paulo alguns séculos depois recomenda que mantenham o celibato para os que tiverem o dom (1 Co 7.8,9) fato controverso no meio católico romano, pois Paulo não obriga, mas faz uma recomendação pessoal. No geral é melhor casar do que praticar adultério, ou melhor, fornicar!
No processo de casamento judaico temos alguns procedimentos como o Dote, a Escolha do cônjuge, o Noivado e a Cerimônia nupcial de uma forma bem particular, conversaremos um pouco sobre isso e logo depois faremos a relação com os Casamentos mistos:
O Dote: Era chamado de Mohar e era feito de três formas diferentes a primeira o noivo dava o valor estipulado pelo pai para liberar sua filha, por exemplo, no caso de Jacó a liberação e o dote foram efetuados após anos de trabalho, ou seja, o seu sogro foi mais esperto porque onde Jacó pusera mão se multiplicava e era abençoado, por isso, Labão o fez trabalhar por duas de suas filhas. O segundo era o pai dos noivos que davam um presente e o terceiro dote era o noivo que dava um presente a noiva que por conseguinte presenteava o noivo também, mas esses costumes variavam bastante de acordo com a época.
Os presentes do dote não eram como os de hoje, às vezes, era cerca de 10% ou até 20% da propriedade da família. Para os noivos iniciarem e investirem em suas propriedades. Em outras épocas o valor era estipulado em dinheiro, moedas de prata, ou ouro, dependia da situação socioeconômica da época.
A escolha do cônjuge era feita pelos pais geralmente, sem mesmo consultar a qualquer um dos dois, ou seja, era um casamento arranjado, mas isso não descartava o amor pelo contrário, pela cultura da época o amor eram ações construídas com a convivência, mas antes de se casarem eles tinham a oportunidade de se conhecerem melhor, geralmente durante as festas religiosas publicas como a de pentecostes, durante desfiles e até em danças comunitárias.
Nessa questão tinha algo estipulado pela Lei mosaica que, o povo de Israel não poderia casar-se com mulheres estrangeiras, mesmo assim muitos desobedeciam, a idéia da impropriedade dessa relação era que, as mulheres de outras nações cresciam no meio de culturas pagãs, misturada com ídolos, na crendice de outros deuses que não era Jeová (Yaweh). O caso de Jacó é bem explícito na Bíblia quando, Raquel sua esposa furta ídolos de seu pai, atitude reprovada por Deus.
O Noivado geralmente durava um ano, era a preparação mais importante para o casamento, muitas vezes chamado de desposar era como a primeira etapa do casamento, para a cultura da época já era considerado como casamento, era tão enfática essa responsabilidade que, para noivar havia uma festa de compromisso e o noivo a partir daí estava dispensado do serviço militar (Dt 20.7).
A conversa do noivado girava em torno da herança financeira, conversavam sobre o quanto seria rentável para a filha aquele casamento, a restituição (caso de viuvez) e o quanto a noiva levaria ao se casar. Mesmo sendo efetuado o compromisso de noivado e sendo chamados de esposa e marido (Mt 1.19) só poderiam viver juntos após a cerimônia nupcial.
A Cerimônia nupcial era uma das maiores senão a maior festa familiar existente no meio do povo, era uma bela cerimônia, tanto que eles não faziam a festa em um feriado, pois diziam que não é bom que você divida sua alegria participando ao mesmo tempo de duas comemorações, pois para eles a festa merece toda a atenção, até porque é o início de um novo ciclo, um novo lar.
O interessante é que herdamos dos judeus uma cultura que aos poucos está sendo banida que, o noivo não pode ver a noiva durante o dia da cerimônia até a hora de começar, na realidade dependendo da família deles pediam de um dia a uma semana de “separação”. A ideia deles é que a tensão do casamento não interfira no relacionamento dos dois, e que na festa eles poderão extravasar com a alegria da festa.
O casamento era realizado na casa do noivo e ele provavelmente era o responsável pelos gastos, no casamento em Caná na Galiléia onde Jesus realiza seu primeiro milagre a festa deve ter sido realizada na casa do noivo, por isso quando Jesus faz o milagre o vinho é levado ao mestre-sala (cerimonial – organizador da festa) ele chama o noivo e diz “É costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora”. (João 2:10).
Durante a cerimônia os noivos iam para um quarto, ou câmara nupcial e consumavam o ato do casamento, pois os votos eram feitos perante familiares e convidados e não tinha, geralmente, interferência de algum juiz ou um religioso (sacerdote ou qualquer outro), era uma festa e compromisso familiar perante Deus, a introdução realmente legalizada de um juiz ou padre, pastor e etc., Veio algum tempo depois.
O Casamento Misto
Agora iremos falar diretamente do assunto da lição, o comentário anterior foi para introduzir e entendermos o contexto “casamenteiro” dos judeus e como estes viam o ato de escolha de alguém para passar ao seu lado pelo resto de toda vida. A escolha segundo a Lei mosaica deve ser do meio do povo, a calá (noiva) e o chatán (noivo) deviam ser judeus, professarem o mesmo Deus e a sua lealdade a lei mosaica obedecendo todos os preceitos daTorah (Pentateuco), por isso ao atender as recomendações feitas por Deus aos Israelitas, eles tinham muito cuidado em não macular a pureza religiosa, casando-se com gentios, por isso, esse ato era terminantemente proibido. Mas, isso não era observado por todos, constituindo casamentos mistos no meio do povo, trazendo muitos prejuízos espirituais. E isto não foi um caso isolado ao livro de Neemias, o próprio Moisés se casou com uma midianita antes de receber a Lei no deserto, só em Êxodo 34. 15 e 16 que Moisés passa a ser orientado a ensinar o povo e proibir o casamento com indivíduos de outras religiões, pois esses relacionamentos enfraqueciam a fé judaica, temos como exemplo a referência do livro de Esdras (9.1,2) que era contemporâneo de Neemias e foi quem provavelmente compilou o livro de Neemias no seu, pois no texto original Esdras e Neemias fazem parte de um mesmo livro.
Já no caso de Salomão foi ainda pior porque se casava com mulheres pagãs em troca de favores políticos, através dos acordos de paz (1 Rs 11.1). O maior problema para o povo hebreu cumprir essa regra foi o exílio, principalmente o Assírio e o babilônico quando, eles se casaram com gentios nestes países onde estavam exilados.
O caso mais forte de casamento misto foi o dos samaritanos que, são conseqüência da invasão assíria quando, os pertencentes ao reino norte foram arrancados de suas terras e poucos deles ficaram e, estes que ficaram, casaram-se com árabes e outros estrangeiros que foram transportados para Israel pelos assírios, seus filhos começaram a ser chamados não mais de israelitas e sim samaritanos, pois a capital era Samaria. No cristianismo essa barreira foi quebrada por Jesus, primeiro porque um homem não podia falar com uma mulher se não estivesse na presença de seu marido ou pai, segundo porque os judeus tinham repúdio por eles terem se misturado completamente e, na realidade a maioria ser de estrangeiros. Por isso, os discípulos se assustaram por vê-lo falar com uma mulher “Nisso seus discípulos chegaram e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher. Ninguém, todavia, perguntou: Que perguntas? Ou: Que falas com ela?” (João 4:27).
Por isso, a Bíblia condenava os casamentos mistos. No caso de Neemias o problema foi ainda mais grave porque o povo estava perdendo sua identidade, em (Dt.7) vemos uma orientação bastante enfática no que concerne a este tipo de relacionamento:
“Quando o Senhor, teu Deus, te tiver introduzido na terra que vais possuir, e tiver despojado em teu favor muitas nações, os heteus, os gergeseus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus, sete nações maiores e mais poderosas do que tu; quando o Senhor, teu Deus, as tiver entregado e tu as tiveres vencido, então as votarás ao interdito; não farás pacto algum com elas, nem as tratarás com misericórdia. Não contrairás com elas matrimônios: não darás tua filha a seus filhos, e não tomarás de suas filhas para teu filho, pois elas afastariam do Senhor o teu filho, que serviria a outros deuses; a cólera do Senhor se inflamaria contra ele e não tardaria a exterminar-vos. Mas eis como procedereis a seu respeito: destruireis seus altares, quebrareis suas estelas, cortareis suas asserás de madeira e queimareis suas imagens de escultura, porque és um povo consagrado ao Senhor, teu Deus, o qual te escolheu para seres o seu povo, sua propriedade exclusiva, entre todas as outras nações da terra”. (Deuteronômio 7:1-6)
Até a língua deles estava sendo esquecida, tanto que no tempo de Jesus usavam corriqueiramente o aramaico que era a língua babilônica em conseqüência disso. Neemias 13:24 diz: “Seus filhos falavam meio asdodita e não sabiam falar judaico, mas a língua de seu respectivo povo”. Sua língua não era a língua da restauração. Precisamos ser constituídos com as verdades de modo que nossa linguagem seja a linguagem do evangelho completo e pleno de Deus. Precisamos do tipo de restauração que vemos sob Esdras e Neemias. Por intermédio de Esdras e Neemias, a restauração do Senhor foi enriquecida, fortalecida, purificada e protegida. Sinto que nessas mensagens, estamos recebendo uma palavra de fortalecimento, de enriquecimento, de purificação e proteção.
Essa língua era oriunda da quinta maior cidade de Israel nos dias atuais (Ashdod) terra que é uma das cinco cidades dos Filisteus veja a foto dessa cidade em Março de 2005 (Fonte Wikipédia):
Observe que no Novo Testamento o casamento misto ou com incrédulos é condenado por Paulo, verifique que no meio da referência ponho os textos a que ele se refere do AT “Não vos prendais ao mesmo jugo com os infiéis. Que união pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunidade entre a luz e as trevas? Que compatibilidade pode haver entre Cristo e Belial? Ou que acordo entre o fiel e o infiel? Como conciliar o templo de Deus e os ídolos? Porque somos o templo de Deus vivo, como o próprio Deus disse: Eu habitarei e andarei entre eles, e serei o seu Deus e eles serão o meu povo”{Porei o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma não vos rejeitará. Andarei entre vós: serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo.Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito para livrar-vos da escravidão. Quebrei as cadeias de vosso jugo, e vos fiz andar com a cabeça erguida. Levítico 26:11-13}. “Portanto, saí do meio deles e separai-vos, diz o Senhor. Não toqueis no que é impuro, e vos receberei. Serei para vós um Pai e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor todo-poderoso” (2 Coríntios 6:14-18). {Parti, parti! Retirai-vos daí, não toqueis nada de impuro! Deixai estas paragens, purificai-vos, vós que levais os vasos do Senhor Isaías 52:11}.
O problema do julgo desigual não é o simples ato de ter uma pessoa casada com outra de uma cultura diferente, ou de uma religião diferente, mas que as raízes cristãs são violadas quando a criança não tem um norte espiritual, levando-a a não criar uma identidade espiritual com o nosso Senhor Jesus, por exemplo, uma situação bastante corriqueira: Um pai cristão evangélico chega para seu filho e diz: - Filho se você quiser ser salvo tem de entregar sua vida a Jesus e cumprir a Palavra de Deus! Só será salvo por sua fé em Cristo e esta fé em conseqüência produz obras em benefício do próximo! Lá na Escola Dominical você pode aprender sobre como cremos em Cristo e eu vou levá-lo para lá no próximo domingo!”No mesmo instante chega a mãe da criança e diz: - Filho, vou levar você domingo de manhã para a reunião lá no centro, vamos tentar falar com a vovó! – Com a vovó? Mas, ela não morreu! O garoto exclama, - É meu filho, o médium disse que iremos falar com ela! Que legal não é?, -Mãe papai disse que domingo vai me levar para a Escola Dominical! – Deixe que eu falo com ele, você vai falar com a vovó e isso é prioridade!
Imaginem só o que aconteceu com a conversa entre esses pais! E o filho escutando tudo! Ou seja, poderá uma criança assim crescer com um princípio santo dedicado a Deus, ou com uma cabeça cheia de confusão? Com essa história encerro esse capítulo para vocês refletirem!!!
Excelente comentário professor Érick.FICOU BONITO O NOVO VISUAL.Que o Senhor Deus possa continuar te usando neste ministério do ensino.
ResponderExcluirPeço a sua autorização para que através deste excelente espaço divulgar o meu humilde blog: evnelsonfernandescom.blogspot.com
Amé Nelson!
ResponderExcluirFique A vontade para utilizar nosso material!
O SENHOR SEJA CONTIGO!!!
Obrigada por nos proporcionar subsídios tão bons, pois tenho acrescentado muitas informações nas minhas aulas, graças as suas publicações. Que Deus em Cristo continue lhe usando como canal de bençãos nesse ministério.
ResponderExcluirObrigada por nos proporcionar subsídios tão bons, pois tenho acrescentado muitas informações nas minhas aulas, graças as suas publicações. Que Deus em Cristo continue lhe usando como canal de bençãos nesse ministério.
ResponderExcluirAmém querida irmã Regenilda!
ResponderExcluirSou apenas servo e nada mais!!!